Cultura popular: Folia de Reis
Folia de Reis
Folia
de Reis,
Reisado,
ou Festa
de Santos Reis é
uma manifestação cultural religiosa festiva e classificada, no
Brasil, como folclore;
praticada
pelos adeptos e simpatizantes do
Catolicismo,
no intuito de rememorar a atitude dos Três Reis Magos — que
partiram em uma jornada à procura do esconderijo do Prometido
Messias (O Menino Jesus Cristo) — para prestar-lhe homenagens e
dar-lhe presentes. Essa história é relatada na Bíblia, no capítulo
2 do Livro de São
Mateus
( ou Evangelho,
segundo São Mateus). Fixado o nascimento de Jesus Cristo, dia 25 de
dezembro, adotou-se a data da visitação dos Três Reis Magos como
sendo o dia 6 de janeiro.
Em
alguns países de origem latina,
especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola,
passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais
importante, inclusive, que o próprio Natal. No estado do Rio de
Janeiro, no Brasil, os grupos realizam folias até o dia 20 de
janeiro, dia de, São
Sebastião, o
padroeiro do estado. Na cultura
tradicional brasileira,
os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as
casas, tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis"
e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas
estendiam-se até a data consagrada aos Três Reis Magos, 6 de
janeiro.
Trata-se
de uma tradição vinda da Espanha
que ganhou força especialmente no Século
XIX
e que mantém-se viva em muitas regiões do País, sobretudo nas
pequenas cidades dos estados de São paulo, Bahia, Espírito Santo,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, dentre outros.
EmSalvador,
terra
onde a religiosidade transborda, seja através do
candomblé
ou
do catolicismo, não poderia faltar, no calendário, a Festa de Reis,
que acontece no bairro da
Lapinha.
Iniciada
por um tríduo preparatório, a festa tem o seu
ápice
no
dia 5 de janeiro, quando ocorre o desfile dos Ternos de Reis que vêm
de diversos locais da cidade. Devidamente armados com fantasias e
instrumentos,
fazendo
representações dos Três Reis Magos e outras personagens através
de música, dança e versos, os ternos encantam a população que
enche o Largo da Lapinha e seus arredores. Um dos ternos mais
tradicionais é o Rosa Menina que vem do bairro de
Pernambués.
Fundado
em
1945,
o
terno Rosa Menina é, hoje, o mais antigo da cidade, tendo à frente
seu Silvano, um dos seus fundadores.
A
missa
principal,
celebrada em geral pelo
arcebispo
da
cidade, acontece na
Igreja
da Lapinha,
onde
é possível se admirar um maravilhoso
presépio
em
tamanho natural. Complementando a festa não poderiam faltar as
barracas de comidas, bebidas e jogos, que dão o tom
profano.
No
Brasil, a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o
Dia
de Reis,
é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por
propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns
lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por
músicos, tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira
e artesanal
como
tambores,reco-reco,flauta
e
rabeca
(espécie
de violino
rústico),
além da tradicional viola
caipira
e do acordeão, também conhecida em certas regiões como sanfona,
gaita ou pé-de-bode.
Além
dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se
compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras
folclóricas devidamente caracterizadas, segundo as lendas e
tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do mestre da
folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo
rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.
As
canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas
tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso
dos foliões,
onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas
regionais como catira,
moda de viola e cateretê.
Contudo ao contrário dos reis da tradição, o propósito da folia
não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para
finalidades filantrópicas,
exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são
oferecidas aos foliões.
Integrantes :
--->Três
reis magos:
participantes
que personificam os reis que visitaram o Menino Jesus, quando ele
nasceu: Baltasar, Melquior e Gaspar.
--->Palhaços
(bastiões): geralmente
dois ou três. Eles têm o costume de se chamar de irmãos e possuem
obrigações e proibições específicas (como jamais dançar diante
da Bandeira). Sua principal função é a proteção da bandeira e a
solução do letreiro (que funciona como um enigma)
feito pelo dono da casa com folhas e flores, por exemplo, se são
colocadas as letras VSR; eles falam um verso para cada letra e dizem
o significado, ou seja Viva Santos Reis (VNSA — Viva Nossa Senhora
Aparecida, VJC — Viva Jesus Cristo). Eles realizam acrobacias.
Usando um bastão vestem-se com máscaras, portam um apito com o qual
marcam a chegada e a partida da bandeira, durante as exibições dos
palhaços, os espectadores atiram moedas ao chão, em frente a eles
para homenageá-los. Eles, então, alegram-se e brincam entre si,
empurrando as moedas com o bastão para que o outro palhaço as
colete, aproveitam para instigar o público a jogar mais dinheiro,
que eles colocam em sacolas para coleta desses donativos.
--->Coro:
é
constituído geralmente por seis pessoas que são, ao mesmo tempo,
cantores e instrumentistas o número, todavia, varia de entre as
regiões. Cada membro do coro tem sua função.
--->Mestre
ou embaixador: é
o principal personagem da folia, ou ainda chefe da folia, porque ele
organiza a logística do grupo, o trajeto, horários e os
instrumentos, e é o responsável por improvisar os versos cantados
nas residências. Cabe aos mestres a responsabilidade de manter viva
a tradição e se encarregar da transmissão oral dele, como lembra
Luís da Câmara Cascudo.
--->Bandeireiro
ou alferes da bandeira:
tem
a função de carregar a bandeira do grupo respeitosamente. Ela é
apresentada ao chefe da residência onde a folia passa para receberem
os donativos oferecidos pelas famílias.
A
bandeira,
chamada de "Doutrina",
é feita de pano brilhante. Nela é colada uma estampa dos Três Reis
Magos. Representa diretamente O Menino Jesus. Constitui o elemento
sagrado da companhia e assim é tratada: beijam-na respeitosamente os
moradores das casas visitadas, é passada com muita fé sobre as
camas da residência e nunca pode ser colocada num lugar menos digno.
Esse respeito perdura durante o ano todo, mesmo passada a época de
Reis: na casa onde fica guardada, há orações periódicas diante
dela. No universo cultural de nosso povo, a Bandeira é a
representação dos Três Reis Magos; por isso, explicam os mestres,
ela deve ir sempre à frente pelos representantes dos pastores que
seguiram os Três Reis Magos.
--->Festeiro:
figura
importante, pois é, geralmente, na sua residência que os foliões
fazem a "tirada da bandeira" e também é para onde é
feito o retorno ao final do "giro". Às vezes, é utilizada
a casa do mestre para a saída e chegada da bandeira ou a casa de
alguma pessoa que, por motivo de promessa, arca com as despesas da
folia.
É
importante destacar que, nas folias, não existe a participação
feminina conforme indica Porto: "Os Três Reis Magos não
trouxeram consigo suas esposas; se os foliões levassem mulher à
folia, estariam deturpando o sentido da representação";
também, dizem outros, nenhuma mulher visitou o presépio de Jesus;
admitir mulher entre os foliões, como participante, seria desviar o
sentido da dramatização.
parabéns de agnaldo muito bem elaborado seu blog !!!
ResponderExcluirObrigado Eleandro, estamos aqui para ser diferentes e sobretudo, valorizar a cultura local.
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