Tecnologia e Ciência
As 6 grandes descobertas da astronomia em 2015
Simulação da Nasa sobre ventos solares agindo em Marte
O
que o Brasil teve de crise, a astronomia
teve
de progresso em 2015.
Foi
um ano especial mesmo: chegamos a Plutão, descobrimos que a água
líquida,
ingrediente mais básico para a vida, é mais comum no Sistema Solar
do que qualquer um imaginava, vimos planetas nascendo, e uma estrela
morta que deixou quatro fantasmas.Tudo isso graças à parceria Ciência e Tecnologia.
Com
vocês, o ranking mais sideral do ano! Confira navegando nas fotos.
1. Life on Mars?
"Gelo
em Marte,
diz a Viking!", cantava o Raul Seixas há 40 anos. A existência
de água
congelada
por lá deixou de ser mera hipótese ainda nos anos 1970, graças às
sondas Viking.
Com
água líquida a história é outra. A presença do ingrediente mais
fundamental para a vida por lá ainda era expeculação.
Não
é mais. Em setembro, a Mars Reconnaissance Orbiter, a (MRO) mostrou
que flui água na superfície do planeta, pelo menos nas épocas mais
quentes do ano, quando a temperatura sobe para 20ºC negativos
(escaldante para um planeta com temperaturas médias de - 60ºC).
Essa
água marciana, aliás, só fica líquida a -20ºC porque é salobra,
ou seja: contém mais sais do que H2O para valer.
Mesmo
assim, é água líquida, a coisa mais preciosa do Universo. E na
superfície, coisa que só a Terra, até agora, tinha, ainda que não
seja água o bastante para formar mares, só córregos fininhos.
Mesmo
assim, isso amplia exponencialmente a chance de um dia encontrarmos
vida em Marte. Então não tinha como essa não ser a maior
descoberta astronômica do ano. Um achado que, além do primeiro
lugar nesta lista, ainda merece um David Bowie em homenagem.
2. I love Plutão
Quase
tudo o que se sabia sobre Plutão até outro dia era o tamanho dele,
diminuto, você sabe: a área todo do planeta-anão é um pouco menor
que a da América do Sul.
Mas
em 2015 descobrimos que o bichinho tem sua própria Cordilheira dos
Andes, com montanhas de 3.500 metros de altura. Mais: soubemos que
ele fervilha por dentro, essa cadeia de montanhas, por exemplo, teria
se levantado há meros 100 milhões de anos (pouco na escala
geológica: o Himalaia, por exemplo, começou a erguer-se há 500
milhões de anos).
Dessa
forma, o planetinha se torna automaticamente um candidato a ter água
líquida no seu interior, já que essa fricção geológica pode
muito bem derreter o gelo das entranhas do planeta.
Daí
para a presença de vida na forma de micróbios seria um pulo, mas
falta conforma se esse suposto oceano, nos moldes de Europa e
Encélado, existe mesmo.
Bom,
a New Horizons, sonda que chegou às redondezas de Plutão depois de
uma odisseia de nove anos pelo Sistema Solar também descobriu que o
ex-planeta tem céu azul (cortesia de uma fina atmosfera de
nitrogênio, coincidentemente o gás dominante na nossa atmosfera
também) e, de quebra revelou que o planetoide tem um grande coração.
Grande
mesmo, com 1600 quilômetros de extensão, e formado pela diferença
de relevo na face do planeta que a New Horizon fotografou, enquanto
passava a 768 mil quilômetros da superfície raspando, praticamente,
tendo em vista que Plutão está a 5 bilhões de quilômetros daqui.
Isso
dá uma distância 25 vezes maior do que aquela entre a Terra e
Marte, o protagonista do próximo tópico.
3. Um parque aquático numa lua de Júpiter
A
vida começou nos oceanos. Isso porque ?vida? é só o nome que
inventamos para moléculas de carbono capazes de produzir cópias de
si mesmas.
De
carbono porque esse é o elemento mais versátil que existe, o único
capaz de se juntar para formar algo tão complexo quanto o DNA. As
moléculas de carbono, porém, precisam estar dissolvidas em água
para formar suas gloriosas cadeias.
Logo,
a água é indispensável à vida (pelo menos à vida como a
concebemos vai saber o que pode haver Universo afora).
Mas
vamos voltar ao que interessa. Além da Terra, é provável que
existam outros oito astros do Sistema Solar com oceanos ? só que
todos subterrâneos, já que as superfícies desses astros, via de
regra, jazem a temperaturas abaixo de...
Não,
não de zero. Abaixo de 200 ºC negativos. Outra: todos esses
supostos oceanos estão estão não em planetas, mas em satélites de
Júpiter e de Saturno.
A
água seria aquecida acima do ponto de fusão não pelo Sol, mas pela
gravidade desses dois planetas gigantes, que repuxam as entranhas
seus satélites a ponto de fazer o gelo presente lá dentro derreter
(Plutão também é candidato a ter um oceano interior, mas aí o
aquecedor seria sua atividade geológica, recém descoberta). 2015,
enfim, trouxe uma novidade instigante ao mundo desses mares
alienígenas).
Cientistas
descobriram evidências de que Encélado, uma das luas de Saturno,
possuiria não só um oceano interno, como fontes hidrotermais que
ejetam água a tórridos 90 ºC.
Tudo
isso num ambiente rico em moléculas de carbono. Fora Encélado, só
dois outros lugares do Sistema Solar teriam oceanos assim, com fontes
hidrotermais ativas: Europa, a lua mais famosa de Júpiter, e a
Terra.
A
própria vida por aqui, especula-se, teria começado justamente em
torno dessas fontes. Ou seja: se até 2015 só Terra e Europa
apresentavam condições realmente ideias para a vida, agora temos um
terceiro integrante nesse clube ultra-seleto.
4. Ceres, o planetinha com faróis
2015
foi o ano em que fizemos contato com um astro bem particular: Ceres,
o maior objeto do Cinturão de Asteroides. O cinturão é o disco de
pedras que deveria ter dado origem ao quinto planeta rochoso do
Sistema Solar (além de Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, todos
nascidos a partir de antigos cinturões de asteróides).
Não
rolou. Culpa da gravidade de Júpiter, que nunca deixou as pedras do
cinturão se juntarem para formar um planeta de verdade.
O
objeto mais bem sucedido ali foi Ceres: uma bolinha com área
idêntica à da Argentina (2,8 milhões de km2) ? bem menor que a
Lua, cuja superfície (38 milhões de km2) dá quase uma Ásia.
Mas
a visita a Ceres neste ano, com a sonda Down, foi mais frutífera do
que qualquer cientista poderia imaginar. A sonda descobriu esses dois
pontos brilhantes no planeta-anão.
E
ninguém sabe do que se trata a coisa: podem ser depósitos de gelo
ou de sal (a hipótese mais provável). Seja como for, o porquê
dessa disposição exótica sobre a superfície de Ceres permanece um
mistério.
5. Berçário de planetas
Planetas
se formam a partir de discos de poeira (e de gás e de pedras) que
giram ao redor de suas estrelas quando elas ainda são jovens. Até
2015, isso era só uma teoria (ainda que tão aceita quanto o
heliocentrismo).
Mas
agora não existe margem para dúvida: pesquisadores conseguiram
fotografar pela primeira vez um grupo de planetas em formação, em
volta de uma estrela novinha a 450 anos-luz da Terra (a mesma escala
de distância que nos separa das estrelas do Cruzeiro do Sul).
Esse
Sistema, cuja concepção artítica você vê na imagem aqui em cima,
tem só 2 milhões de anos de idade. O nosso, para você ter uma
ideia, tem 4,6 bilhões de anos.
Ou
seja: a coisa é um bebê cósmico (e nós somos senhores à beira da
terceira idade). A foto original não chega a ser um espetáculo de
nitidez, por isso não colocamos ela para decorar esta página.
6. As quatro cavaleiras do apocalipse
Não
faz o menor sentido chamar uma estrela morta de "supernova",
como todo mundo faz. Só lembrando: supernova é o nome que a gente
dá para a explosão de uma estrela.
A
explosão é para a estrela o que a falência múltipla de órgãos é
para a gente: a morte por idade avançada. Logo, seria bem mais
preciso chamar a estrela explodida de "supervelha", ou de
"supermorta" mesmo.
Mas
tem um motivo para a gente chamar de "supernova". É que,
quando uma estrela distante demais para ser vista a olho nu da Terra
acaba explodindo, o brilho do estouro é tão grande que pode
aparecer no céu como se fosse uma estrela nova mesmo. Imagine
aparecer um estrelão bem no meio da cruz do Cruzeiro do Sul.
Então:
seria uma estrela nova. Mais precisamente, uma supernova. O "super"
vem da intensidade do brilho: a primeira supernova registrada, em
1572, surgiu no firmamento mais luminosa que Vênus, e levou dois
anos até sumir.
Bom,
e o que você faria se visse não uma, mas quatro supernovas
estourando ao mesmo tempo, cada uma num canto céu? Não sei você,
mas eu ficaria desesperado que nem um cachorro no Ano Novo.
Provavelmente
me esconderia debaixo da cama, e ficaria por lá mesmo em posição
fetal, esperando o apocalipse, o fim dos tempos, o castigo dos
deuses.
Mas
ainda bem que nossos astrônomos são menos silvícolas que este
jornalista. Porque foi basicamente isso, quatro supernovas
simultâneas, que eles viram no céu no começo do ano, com a ajuda
do telescópio Hubble.
E
nem fomos alertados sobre a chegada do apocalipse, olha só. Isso
porque todo astrônomo que se preza já esperava por um fenômeno
exatamente assim.
É
que o espetáculo foi uma ilusão de ótica. Houve só uma supernova,
que acabou multiplicada por quatro no espaço. Quem explica é a
Relatividade Geral, a teoria de Einstein que redefiniu a gravitação.
Albert
mostrou que a massa de um corpo distorce o espaço em volta dele. O
Sol, que é bem massudo, entorta tanto o espaço que a luz das
estrelas dá uma desviada quando passa perto dele.
Quando
o objeto em questão é massudo mesmo, tipo uma galáxia inteira, com
bilhões de sóis, buracos negros e o escambau, o grau de distorção
pode ser absurdo.
Foi
o que aconteceu no caso da nossa supernova aqui. A estrela explodiu
há nove bilhões de anos, e a luz dela só chegou agora aqui. No
caminho, a luz dela trombou com um obstáculo gravitacional: uma
galáxia gigante.
A
galáxia distorcia tanto o espaço em volta dela que criou um
fenômeno conhecido como "lente gravitacional": a gravidade
da galáxia simplesmente fragmentou a luz da supernova em quatro.
Quem
olha a coisa daqui da Terra, então, vê não uma supernova, mas
quatro, com cada uma aparecendo próxima a uma das bordas da galáxia
que serviu de lente (a imagem ali em cima deixa claro).
Essa
ideia, a de que as lentes gravitacionais poderiam causar exatamente
esse tipo de ilusão de ótica, foi proposta há 50 anos pelo
astrônomo norueguês Sjur Refsdal.
Mas
ele não pôde ver sua ideia materializar-se no céu. Refsdal morreu
em 2009, aos 74 anos. Mas a supernova foi batizada com o nome, como
deveria de ser.
Técnico
em Informática: Formando do Colégio Estadual
Buarque de Nazareth, Itaperuna-RJ;
Formado
em CABEAMENTOS E REDES: Formado pelo CETEP-Itaperuna-RJ e Formado
em Montagem e Manutenção em micros: Formado
pelo CETEP-Itaperuna-RJ
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