BUMBA-MEU-BOI
BUMBA-MEU-BOI
A
dança folclórica do bumba meu boi é um dos traços culturais
marcantes na cultura brasileira, principalmente na região Nordeste.
A dança surgiu no século XVIII, como uma forma de crítica à
situação social dos negros e índios. O bumba meu boi combina
elementos de comédia, drama, sátira e tragédia, tentando
demonstrar a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
O
bumba meu boi é resultado da união de elementos das culturas
europeia, africana e indígena, com maior ou menor influência de
cada uma dessas culturas. A dança misturada com teatro incorpora
elementos da tradição espanhola e da portuguesa, com encenações
de peças religiosas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. O
costume da dança do bumba meu boi foi intensificado pelos jesuítas,
que através das danças e pequenas representações, desejavam
evangelizar os negros, indígenas e os próprios aventureiros
portugueses.
Enredo
A
história que envolve a dança é a seguinte: Um rico fazendeiro
possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um
trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher
Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a
língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e
quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi
e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e
celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
Concepção
A
essência da lenda
enlaça
a sátira,
a comédia,
a tragédia
e
o drama,
e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem
e
a força bruta de um boi.
Esta essência se originou da lenda de Catirina e Pai Francisco, de
origem nordestina. Ao ser levada para a região Norte,
sofreu adaptação à realidade amazônica, e faz reverência ao boi
como se esse fosse nativo da floresta Amazônica (o que é
historicamente incorreto, pois o gado bovino não é nativo das
Américas), também exaltando a alegria, sinergia e força das festas
coletivas indígenas
Personagens
O
Capitão é o comandante do espetáculo. Há também Mateus e
Catirina, personagens bastante conhecidos que apresentam os bichos,
cantam e dançam de forma cômica.
Existem
vários personagens e variam bastante entre os diferentes grupos, mas
os principais são os seguintes:
- Amo: representa o papel do dono da fazenda, comanda o grupo com auxílio de um apito e um maracá (maracá do amo) canta as toadas principais;
- Pai: Chico ou Mateus
- Mãe: Catirina ou Catirina
- Boi: é a principal figura, consiste numa armação de madeira em forma de touro, coberta de veludo bordado. Prende-se, à armação, uma saia de tecido colorido. A pessoa que fica dentro e conduz o boi é chamado miolo do boi;
- Vaqueiros: são também conhecidos por rajados. Nos bois de zabumba, são chamados caboclos de fita. Em alguns bois, existe o primeiro vaqueiro, a quem o fazendeiro delega a responsabilidade de encontrar pai Chico e o boi sumido, e seus ajudantes, que também são chamados vaqueiros;
- Índios, índias e caboclos: têm a missão de localizar e prender Pai Chico. Na apresentação do boi, proporcionam um belo efeito visual, devido à beleza de suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois, principalmente os grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo de pena, que é a mais rica indumentária do boi;
- Burrinha: aparece em alguns grupos de bumba meu boi. Trata-se de um cavalinho ou burrinho pequeno, com um furo no centro por onde entra o brincante. A burrinha fica pendurada nos ombros do brincante por tiras similares a um suspensório;
- Cazumbá: Personagem divertido, às vezes assustador, que usa batas coloridas e máscaras de formatos e temática muito variada. Não são todos os grupos de bumba meu boi que possuem cazumbás.
Instrumentos
Os
bois de influência predominantemente indígena, bois de matraca,
utilizam principalmente os seguintes instrumentos:
- maracá: instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria. É um instrumento de origem tanto africana como indígena;
- matraca: feita de madeira, principalmente pau d'arco, é tocada batendo-se uma contra a outra;
- pandeirão: pandeiro grande, coberto geralmente de couro de cabra. Alguns têm mais de 1 metro de diâmetro e cerca de 10 cm de altura. São afinados a fogo.
- tambor onça: É uma espécie de cuíca, toca-se puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento. Imita o urro do boi, ou da onça.
Os
bois de zabumba utilizam principalmente:
- tamborinho: pequeno tambor coberto de couro de bicho. O mais comum é usar couro de cutia. É tocado com a ponta dos dedos.
- zabumba: é um grande tambor, conhecido também como bumbo, é um instrumento tipicamente africano;
- tambor de fogo: feito de uma tora de madeira ocada à fogo e coberto por um couro cru de boi preso à tora por cravelhas. É um instrumento tipicamente africano;
Os
bois de orquestra têm instrumentação muito variada: utilizam
instrumentos de sopro como saxofones,
trombones,
clarinetas
e
pistões; banjos,
bumbos
e
taróis, também mara.
O
bumba meu boi possui diversas denominações em todo o Brasil. No
Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas a dança é chamada de bumba
meu boi, no Pará e Amazonas, boi-bumbá, em Pernambuco, boi-calemba,
na Bahia, boi-janeiro, etc.
Comentários
Postar um comentário
È necessário evitarmos frases que contenham palavras de baixo calão,ofensas,xingamentos,racismo e/ou qualquer insinuação de apologia a drogas ou crimes.