Comidas gostosas, tão viciantes quanto drogas!!
A dieta da ciência
Comidas
gostosas são tão viciantes quanto drogas pesadas, dizem os
cientistas. Por outro lado, novas pesquisas mostram que se alimentar
bem é mais simples do que parece
Começou
com um docinho depois do almoço. Depois, era batata frita a semana
toda. Água, nem pensar - só refrigerante. Até que arroz com feijão
virou uma combinação insuportável. Para fazer efeito, só se fosse
cheeseburguer. Essa é a história de um cérebro viciado e
prostituído: ele sabe que salada é mais digna para a saúde, mas
gosta mesmo é de gordura e açúcar e se vende ao primeiro que
aparecer com isso. Em troca, libera dopamina, a substância
inebriante do prazer. Nunca foi tão claro para a ciência que a
comida de hoje tem o mesmo poder viciante da cocaína e da heroína.
"A sensação agradável provocada pela comida estimula o centro
de recompensa do cérebro, em um processo parecido com o do vício e
da excitação sexual", diz o neurologista e neurocirurgião
Jorge Pagura. "Hoje, o centro de recompensa é alvo de
experiências para o controle do apetite." Agora vamos entender
isso melhor. E, mais importante, mostrar também como novas
descobertas da ciência podem revolucionar sua dieta. Bom apetite!
Sexo,
dogs e hot roll
Você
vive em 2012. Mas seu cérebro empacou em lá por 200 mil a.C. Foi
quando surgiram os primeiros humanos anatomicamente iguais a você e
eu, em algum lugar perto de onde hoje fica a Etiópia.
A
vida era complicada por lá. Não era todo dia que dava para caçar
um bisão ou uma gazela. E, nos dias em que não dava, o jeito era
apertar o cinto. Por causa disso, o corpo desenvolveu um método
interessante de sobrevivência: nos transformou em camelos
alimentares. Passou a estocar comida em "corcovas" de
gordura, que carregamos principalmente na barriga e nos quadris.
Quando aparecia uma gazela, comíamos mais do que precisávamos. O
excesso ficava acumulado. E nos tempos de gazelas magras o corpo se
alimentava dessa gordura. Era o jeito.
Para
fazer com que comêssemos mais do que o necessário a cada caça, o
cérebro criou um mecanismo engenhoso: nos recompensar com doses
cavalares de prazer cada vez que comíamos algo que fosse fácil de
ser absorvido pelo corpo para virar estoque de gordura. No caso, a
própria gordura animal da carne de caça. E aí que entra o centro
de recompensa do cérebro: comeu carne gordurosa, altamente calórica,
ganhou uma dose de dopamina.
E
nosso cérebro não mudou de lá para cá - por isso mesmo, os
churrascos continuam tão populares. Mas o mundo é outro, claro.
"Hoje, nós podemos ter comidas altamente palatáveis e
calóricas em qualquer lugar, a qualquer hora. E isso fica evidente
na nossa cintura", diz o bioquímico e neurobiólogo Stephan J.
Guyenet, pesquisador da Universidade de Washington.
Esse
mecanismo de estocagem de gordura recompensada por dopamina não
começou no homem. Na verdade, herdamos dos nossos ancestrais.
Qualquer mamífero tem o mesmo mecanismo (se não tivesse, não
existiriam tantos Garfields na vida real). E esse nosso traço em
comum com os nossos primos de outras espécies ajuda a desvendar um
pouco mais sobre como funciona a nossa relação com comida.
É
o caso de um estudo do Scripps Research Institute, nos EUA. Eles
alimentaram um grupo de ratos com ração comum e outro com bacon,
salsicha, comida congelada, doces e outras maravilhas da dieta
moderna. Depois de 40 dias, os que receberam ração se mantiveram
magros, e os outros, como era de se esperar, ficaram obesos. Mas
apareceu uma novidade aí: o cérebro dos ratos que só comiam
porcarias já não era mais o mesmo ao fim do experimento. Eles
desenvolveram resistência à dopamina e, portanto, ao prazer causado
pela comida. Então passaram a devorar essas guloseimas que dominam a
nossa mesa compulsivamente, para obterem a mesma carga de prazer que
conseguiam no início da dieta. Mesmo quando os cientistas começaram
a dar choque em qualquer um dos ratos que se aproximava da refeição
hipercalórica, eles continuavam caindo de boca, porque nada mais no
mundo importava para eles, nem a dor, nem a Minnie - sim: eles
pararam também de fazer sexo, só queriam saber de comer. Viviam
pela próxima dose de dopamina. É exatamente o que acontece com
usuários de crack.
A
semelhança dos alimentos-porcaria com as drogas não para por aí.
Outros estudos mostram, por exemplo, que a gordura estimula a
produção de endocanabinoides, substâncias parecidas com as
encontradas na maconha. O chocolate libera outro componente, a
feniletilamina, similar ao das anfetaminas. E só de olhar você já
pode estar exposto aos efeitos das "drogas alimentares",
concluíram os cientistas do Brookhaven National Laboratory, nos EUA.
Eles compararam imagens do cérebro de quem tem compulsão por comida
e de quem é obeso, mas não tem um vício propriamente dito em
alimentos. Quando sentiam o cheiro de seu prato favorito, os
compulsivos tinham uma grande descarga de dopamina no cérebro, o que
não foi observado no outro grupo. O médico Gene-Jack Wang, que
conduziu o trabalho, já tinha identificado em outro estudo que
dependentes químicos apresentam resposta cerebral semelhante quando
veem imagens de alguém consumindo drogas. Isso sugere que algumas
pessoas têm uma reação exagerada no cérebro quando expostas a
coisas agradáveis, portanto são levadas ao vício. Estaria aqui a
pista que explica por que alguns ficam satisfeitos com uma bola de
sorvete e outros precisam do pote inteiro.
Batata frita, pão, macarrão, bolo, bolacha, chocolate, refrigerante. Todos eles fazem parte da facção do pó branco: são feitos de farinha, açúcar e sal, as cocaínas da cozinha. Assim como uma droga pesada, elas passam por um processo de refinamento atroz, em que saem as fibras, os minerais, as proteínas e outros nutrientes e fica só o que interessa para o cérebro: a energia pura de rápida absorção.
E os perigos também são dignos daqueles que as drogas oferecem: dentro do seu corpo, o sal, amplamente usado para realçar o sabor dos produtos, inclusive nos doces e nos refrigerantes, aumenta a pressão arterial, já que o sódio atrai as moléculas de água para si e faz crescer o volume de sangue nas artérias. Pressão alta significa maior risco de ter um derrame ou ataque cardíaco.
Já a farinha e o açúcar vão direto para o sangue. Para dar conta, o pâncreas dispara a produção de insulina, o hormônio que transforma carboidrato em glicose e depois estoca essa energia em forma de gordura nas células. O cérebro agradece liberando dopamina e o resultado é uma sensação de prazer que acaba em minutos (ou segundos). E aí você quer sentir essa emoção de novo - e tome mais carboidrato refinado, que inunda o corpo com insulina, que manda o excesso de gordura para dentro da célula.
Batata frita, pão, macarrão, bolo, bolacha, chocolate, refrigerante. Todos eles fazem parte da facção do pó branco: são feitos de farinha, açúcar e sal, as cocaínas da cozinha. Assim como uma droga pesada, elas passam por um processo de refinamento atroz, em que saem as fibras, os minerais, as proteínas e outros nutrientes e fica só o que interessa para o cérebro: a energia pura de rápida absorção.
E os perigos também são dignos daqueles que as drogas oferecem: dentro do seu corpo, o sal, amplamente usado para realçar o sabor dos produtos, inclusive nos doces e nos refrigerantes, aumenta a pressão arterial, já que o sódio atrai as moléculas de água para si e faz crescer o volume de sangue nas artérias. Pressão alta significa maior risco de ter um derrame ou ataque cardíaco.
Já a farinha e o açúcar vão direto para o sangue. Para dar conta, o pâncreas dispara a produção de insulina, o hormônio que transforma carboidrato em glicose e depois estoca essa energia em forma de gordura nas células. O cérebro agradece liberando dopamina e o resultado é uma sensação de prazer que acaba em minutos (ou segundos). E aí você quer sentir essa emoção de novo - e tome mais carboidrato refinado, que inunda o corpo com insulina, que manda o excesso de gordura para dentro da célula.
Chega
uma hora em que os órgãos desenvolvem resistência à insulina e o
pâncreas precisa produzir cada vez mais para conseguir o mesmo
efeito. Até que uma hora ele pode pedir arrego e zerar a produção
de insulina, causando diabetes.
O excesso de açúcar também pode detonar o fígado. Bom, não exatamente de açúcar, mas da coisa mais utilizada como substituta da glicose nos alimentos de supermercado: a frutose. Ela é quase exclusivamente metabolizada no órgão, onde vira uma gordura chamada triglicérides. "Frutose em excesso sobrecarrega o fígado", diz o cientista de alimentos Edson Credídio. E é fácil exagerar na frutose. Essa substância é o açúcar natural das frutas. Mas a principal fonte dela na nossa alimentação não são maçãs e melancias, mas refrigerantes, pães, molhos e outras comidas processadas. Não é por acaso. Na década de 1970, a indústria alimentícia começou a produzir um xarope de milho com alto poder adoçante e baixo custo de produção, que, por isso mesmo, dominou as prateleiras, inclusive a seção "saudável", em que estão cereais e iogurtes. É o HFCS (high-fructose corn syrup), também descrito nas embalagens como xarope de açúcar ou xarope de glicose. Ele leva aproximadamente 55% de frutose e 45% de glicose. E por que essa mistura está em quase tudo? Porque ela deixa tudo mais gostoso. Ou seja: faz o cérebro produzir mais dopamina. E você gastar mais dinheiro para sentir o prazer dessa dopamina mais e mais vezes.
O excesso de açúcar também pode detonar o fígado. Bom, não exatamente de açúcar, mas da coisa mais utilizada como substituta da glicose nos alimentos de supermercado: a frutose. Ela é quase exclusivamente metabolizada no órgão, onde vira uma gordura chamada triglicérides. "Frutose em excesso sobrecarrega o fígado", diz o cientista de alimentos Edson Credídio. E é fácil exagerar na frutose. Essa substância é o açúcar natural das frutas. Mas a principal fonte dela na nossa alimentação não são maçãs e melancias, mas refrigerantes, pães, molhos e outras comidas processadas. Não é por acaso. Na década de 1970, a indústria alimentícia começou a produzir um xarope de milho com alto poder adoçante e baixo custo de produção, que, por isso mesmo, dominou as prateleiras, inclusive a seção "saudável", em que estão cereais e iogurtes. É o HFCS (high-fructose corn syrup), também descrito nas embalagens como xarope de açúcar ou xarope de glicose. Ele leva aproximadamente 55% de frutose e 45% de glicose. E por que essa mistura está em quase tudo? Porque ela deixa tudo mais gostoso. Ou seja: faz o cérebro produzir mais dopamina. E você gastar mais dinheiro para sentir o prazer dessa dopamina mais e mais vezes.
A
saída, então, seria apelar para os adoçantes artificiais, certo?
Não exatamente. Pesquisadores da Universidade do Texas acompanharam
474 adultos por dez anos e perceberam que aqueles que tomavam
refrigerante diet frequentemente tiveram aumento de 70% da
circunferência abdominal em comparação com quem não bebeu
refrigerante. Entre os que bebiam duas ou mais vezes ao dia, o
crescimento da pança foi 500% maior. A hipótese é que doces
disfarçados podem enganar seu paladar, mas não o cérebro, que
manda o corpo se preparar do mesmo jeito para digeri-los, aumentando
a salivação e a produção de insulina. Como a promessa não se
cumpre e no lugar de um alimento calórico vem um magrinho, a
necessidade energética não é suprida - e nada de dopamina. Esse
quadro pode levar à vontade de compensar com algo mais engordativo,
como um brigadeiro, na tentativa de chegar à sensação de prazer. E
se você não compensar... Com menos energia do que a prometida, o
corpo desacelera e economiza gordura. Um beco sem saída, como
mostrou uma pesquisa da Universidade de Purdue, nos EUA. Por duas
semanas, um grupo de ratos foi alimentado com iogurte açucarado, e
outro recebeu iogurte com adoçante. Depois, ambos foram liberados
para atacar um pudim de chocolate. Quando voltaram aos iogurtes, eles
tiveram comportamentos diferentes: a turma do adoçante se acabou no
diet do mesmo jeito como fazia antes. Mas os ratos do açúcar
comeram menos na refeição seguinte ao pudim. Conclusão: viraram
glutões menos compulsivos que a turma do iogurte diet.
Outro
estudo americano, da Universidade de Minnesota, analisou a saúde de
16 mil pessoas por nove anos. Em comparação com quem não bebeu
refrigerante, os que tinham o hábito de ingerir uma lata da bebida
diet por dia apresentaram 34% mais risco de desenvolver a chamada
síndrome metabólica, que é quando você acumula gordura abdominal,
fica hipertenso, tem altos índices de colesterol ruim e resistência
à
insulina. Para
dar uma ideia do tamanho da encrenca, saiba que entre as pessoas que
comiam fritura regularmente o aumento do risco de síndrome
metabólica foi de 25%, já que frituras são altamente calóricas
(um grama de gordura tem nove calorias, contra quatro do açúcar). É
uma porcentagem alta, mas bem menor se comparada aos 34% da opção,
digamos, mais saudável.
O pão integral nosso de cada dia também não é nenhum santo. Muitos, incluindo as linhas light e com grãos, têm a mesma quantidade de calorias dos brancos, são feitos com farinha de trigo comum e uma menor porcentagem de farinha integral. Algumas marcas 100% integrais são mais calóricas até do que pão branco, já que levam açúcar na composição - para ficarem mais saborosas.
O pão integral nosso de cada dia também não é nenhum santo. Muitos, incluindo as linhas light e com grãos, têm a mesma quantidade de calorias dos brancos, são feitos com farinha de trigo comum e uma menor porcentagem de farinha integral. Algumas marcas 100% integrais são mais calóricas até do que pão branco, já que levam açúcar na composição - para ficarem mais saborosas.
Paradoxos
alimentares
Mas
não desanime. A ciência também está descobrindo que alguns vilões
da alimentação latem mais do que mordem. O colesterol e sua fonte
na nossa alimentação, a gordura animal, são um exemplo. Por muito
tempo se pensou que ele era responsável por todo tipo de crime
contra a humanidade. Os maiores estudos feitos sobre isso foram
conduzidos pela Escola de Saúde Pública de Harvard e acompanharam
mais de 300 mil pessoas durante 23 anos. Os resultados mostraram que,
para a maioria, a gordura que a gente come tem pouca influência (de
10 a 25%) na gordura que efetivamente circula pelo corpo. Essa é
fruto de todas as calorias que ingerimos - e que o organismo guarda
na forma de gordura como reserva. Outras pessoas, como os diabéticos
e obesos, sentem bem mais o efeito do colesterol - aí é preciso
manter mesmo o consumo no cabresto.
O que está esclarecido é que vítimas de doenças cardiovasculares têm veias e artérias entupidas de gordura e altos níveis de colesterol ruim. Como gordura animal aumenta a quantidade de colesterol ruim, parece óbvio dizer que cortá-la acaba com o problema. Mas os pesquisadores começam a trabalhar com variáveis mais complexas: o excesso de gordura corporal, e não o colesterol isoladamente, é o que multiplicaria as chances de alguém ter uma doença cardiovascular. E todo tipo de comida produz gordura no corpo - os elefantes, que são mais vegetarianos que a Gwyneth Paltrow, não nos deixam mentir.
O que está esclarecido é que vítimas de doenças cardiovasculares têm veias e artérias entupidas de gordura e altos níveis de colesterol ruim. Como gordura animal aumenta a quantidade de colesterol ruim, parece óbvio dizer que cortá-la acaba com o problema. Mas os pesquisadores começam a trabalhar com variáveis mais complexas: o excesso de gordura corporal, e não o colesterol isoladamente, é o que multiplicaria as chances de alguém ter uma doença cardiovascular. E todo tipo de comida produz gordura no corpo - os elefantes, que são mais vegetarianos que a Gwyneth Paltrow, não nos deixam mentir.
O
chocolate é outro que não pode carregar tanta culpa pelos maus
hábitos alimentares. Cientistas da Universidade de Cambridge
analisaram a incidência de doenças do coração e derrame em 114
mil pessoas. Quem comia mais de duas barrinhas por semana teve 36%
menos risco de ter doenças cardiovasculares e 29% menos chance de
sofrer um derrame, se comparado a quem reduzia a menos de duas vezes
por semana. Na Universidade da Califórnia, um grupo de pesquisadores
foi mais além e observou que chocolate pode até emagrecer. Entre os
mil voluntários avaliados, os que consumiam regularmente, ainda que
com moderação, eram mais magros do que os outros. Eles acreditam
que, apesar das calorias, podem existir componentes nessa iguaria que
favoreçam a queima de gordura. Mas as causas ainda não estão
esclarecidas, e os estudos continuam.
Medida
certa
Vamos
ser sinceros aqui. A gente sabe que quase todo mundo prefere comer
lasanha em vez de arroz cateto com amoras silvestres, mesmo se levar
um choque cada vez que optar pelo prato gordo. Então, se é para
comer coisas gostosas e dopaminérgicas, que seja de um jeito mais
saudável. E a ciência tem dicas bacanas para isso. Por exemplo: 300
estudantes americanos participaram de um estudo em que foram
separados em dois grupos. Os integrantes de um receberam uma
rosquinha de pão inteira. Os do outro, a mesma rosquinha cortada em
quatro partes. O pessoal da segunda turma se satisfez com menos.
Vinte minutos depois, todos eles foram liberados para comer outro
prato, desta vez à vontade. Quem tinha recebido a rosquinha em
pedaços ficou satisfeito de novo com menos quantidade, um sinal de
que o apetite já estava controlado. Os cientistas acreditam que
dividir a comida em pequenas porções pode causar uma ilusão de
ótica no cérebro: a quantidade parece maior e, por isso, a sensação
de saciedade é maior. Além disso, quando os alimentos estão
cortados em porções menores, a tendência é comer mais devagar,
dando tempo para o cérebro entender que a quantidade de energia que
você colocou para dentro já está adequada.
Outras
pesquisas mostram que os nutrientes de certos alimentos podem ajudar
a queimar gordura, trazer saciedade e melhorar a saúde. É o caso
das substâncias termogênicas, que aumentam a temperatura corporal e
aceleram o metabolismo basal, levando a um maior gasto de energia. A
capsaicina, presente na pimenta, faz parte desse time. As gorduras
boas, como a dos peixes, conhecidas como ômega 3, além da das
castanhas e do azeite de oliva, também têm superpoderes. Pesquisas
indicam que quem come castanhas entre as refeições permanece
satisfeito por pelo menos 90 minutos a mais do que quem faz
lanchinhos com pouca gordura e bastante carboidrato, como pão
integral com queijo cottage. Outra pesquisa, da Unifesp, em São
Paulo, mostrou que animais com epilepsia alimentados durante 60 dias
com ômega 3 nas doses recomendadas para seres humanos - ingestão de
peixes ricos nesse componente, como salmão, atum e sardinha, três
vezes por semana - apresentaram alguma melhora no cérebro, com a
formação de novos neurônios. Brócolis e espinafre também fazem
bem para a cabeça. O ácido alfalipoico encontrado neles aumenta o
fluxo sanguíneo nos tecidos e melhora a condução dos impulsos
nervosos.
Combinações
saudáveis
No
mundo da alimentação, nem sempre um mais um é igual a dois. Às
vezes dá três, quatro. "Os nutrientes interagem entre si,
melhorando ou dificultando a absorção pelo organismo", diz o
cientista de alimentos Edson Credídio. Quando você come algo rico
em carboidrato, como batata frita e pão, fica com fome logo, já que
a digestão dos carboidratos é rápida. Mas se você combiná-los
com alguma coisa que dê mais trabalho para o corpo, como as
proteínas, a digestão fica mais lenta e demora mais para o apetite
voltar.
E
isso pode ajudar na hora em que a vontade de comer porcarias gostosas
bater. Se você misturar batata frita com uma carne magra, como
patinho ou maminha, você vai comer menos batata frita. Bom para
ambas as partes, pelo menos na medida do possível: você consome a
"droga" ao mesmo tempo em que dá uma força para a
moderação.
Melhor
ainda se você acrescentar fibras ao mix. Elas estão presentes em
vegetais como alface, cenoura, espinafre e brócolis. E têm o mesmo
efeito diluidor de apetite. O feijão, rico em fibras, faz um par
perfeito com o arroz, de fácil digestão. Funciona tão bem que um
certo país da América do Sul adotou o arroz com feijão como seu
prato nacional - tudo intuitivamente, bem antes de a ciência dos
alimentos existir. Não fica nisso. Uma pesquisa da Unicamp comprovou
que, juntos, arroz e feijão aumentam a concentração de flúor na
saliva, prevenindo cáries.
Outro alimento que faz uma boa dupla com o feijão é a rúcula (ou qualquer outro que tenha bastante vitamina C). O ferro do feijão não é assimilado automaticamente pelo organismo. Esse nutriente precisa de um composto que se ligue a ele e o torne mais diluído. E quem assume essa função é o ácido ascórbico - a vitamina C.
Outro alimento que faz uma boa dupla com o feijão é a rúcula (ou qualquer outro que tenha bastante vitamina C). O ferro do feijão não é assimilado automaticamente pelo organismo. Esse nutriente precisa de um composto que se ligue a ele e o torne mais diluído. E quem assume essa função é o ácido ascórbico - a vitamina C.
Tem
o caso do tomate com azeite também. O tomate é rico em licopeno,
que tem uma ação importante: retardar o envelhecimento das células.
E a gordura do azeite ajuda a reter o licopeno do tomate (cru ou
cozido, tanto faz), turbinando a eficiência dele. Molho de tomate
também serve, mas os prontos costumam ter a adição de açúcar,
sal e amido - mal negócio.
Já
os alimentos ricos em proteína animal, como a carne vermelha, tendem
a acelerar o envelhecimento das células. Eles liberam uma substância
chamada amina heterocíclica, que ao longo dos anos pode danificar o
DNA, que fica no núcleo das células. "DNA danificado" é
um sinônimo técnico para "envelhecimento" - e para uma
propensão maior a doenças como o câncer. É por isso que os bifes
não são exatamente do time do bem. Mas, se a carne for fraca,
combine a carne com alecrim. Quando aquecido, o alecrim solta ácidos
que protegem o DNA, diminuindo os efeitos maléficos da carne.
Pois
é. O cérebro humano pode continuar tão tosco quanto o de 200 mil
anos atrás, nos recompensando com uma injeção de prazer cada vez
que comemos demais. Mas esse mesmo cérebro é o responsável pelos
avanços científicos que nos ajudam a lidar melhor com essa
compulsão, e a mitigar os efeito nocivos dela. No fim das contas, é
uma equação positiva para o nosso corpo.
Atração
fatal
|
Como
a mente fica viciada em comida
|
Amor
à primeira vista
|
Os
quiabos que nos perdoem, mas beleza é fundamental. Nossos
|
instintos
nos fazem achar que comidas mais calóricas são mais bonitas -
|
por
isso mesmo a estrela da nossa capa não é um repolho!
|
Eu
mereço
|
Comer
estimula o centro de recompensa do cérebro, levando à produção
|
de
um neurotransmissor ligado ao prazer, a dopamina. A obesidade
|
pode
deixar os receptores mais resistentes a ela e fazer com que sejam
|
necessárias
doses cada vez maiores de comida para disparar sensações
|
de
satisfação e saciedade.
|
Sem
serviço
|
Se
a comunicação entre os hormônios e o cérebro não for boa,
começa
|
uma
crise. As células de gordura produzem uma substância chamada
|
leptina,
e o pâncreas libera outra, a anilina. Elas são uma espécie de
|
dedo-duro
que avisa o cérebro como anda o estoque de energia do
|
corpo.
Se as reservas estão baixas, você sente fome. Se estão altas,
fecha
|
a
boca. Estudos mostram que obesos têm falhas na recepção delas
no
|
cérebro,
o que aumentaria bem o apetite.
|
O
segundo cérebro
|
Sim,
você tem um segundo cérebro lá embaixo. (Não tão lá
embaixo).
|
Existem
100 milhões de células nervosas no sistema digestivo, que se
|
comunicam
o tempo todo com o cabeça da turma, lá em cima. Quando
|
você
come gordura, por exemplo, o cérebro dispara a produção de
|
endocanabinoides,
substância parecida com a encontrada na maconha.
|
Resultado:
prazer e... fome.
|
Parece,
mas não é
|
Alimentos
que parecem estar entre os mais saudáveis, mas que nem
|
sempre
são
|
Pão
integral
|
A
farinha integral é quase tão calórica quanto a branca. O que
muda são
|
os
nutrientes e a quantidade de fibras da primeira opção, que
trazem
|
saciedade
e fazem você comer menos. Só que a maioria dos pães que a
|
gente
come não é 100% integral, e, sim, pão branco enriquecido com
|
esse
tipo de farinha.
|
Cereais
|
Eles
são uma caixinha de surpresas. Vários têm em sua fórmula o
|
xarope
de milho com alto teor de frutose, também chamado açúcar de
|
milho.
Ele é composto de 55% de frutose, que dá trabalho extra para o
|
fígado,
e 45% de glicose, que pode sobrecarregar o pâncreas. Problemas
|
em
dobro.
|
Sopas
|
As
industrializadas têm bastante sódio e muitas contêm gordura
vegetal
|
hidrogenada
(a trans), além de maltodextrina, composto de glicose que
|
provoca
uma enxurrada de insulina, hormônio que estoca energia nas
|
células
na forma de gordura. A melhor pedida para perder peso são os
|
legumes
sólidos, cuja digestão consome mais calorias.
|
Bebidas
diet
|
Estudos
mostram que o consumo frequente de refrigerante diet acaba
|
com
o programa pança zero: aumenta seis vezes mais a circunferência
|
abdominal
em comparação com quem não toma a bebida.
|
Aditivos
superpoderosos
|
Eles
protegem a saúde e, de quebra, ajudam a queimar gordura
|
Pimenta,
gengibre e canela (os Termogênicos)
|
São
os nutrientes calientes, que despertam gritinhos no corpo:
|
aumentam
a temperatura corporal e aceleram o metabolismo basal,
|
levando
a um maior gasto de energia. Eles são a capsaicina, das
|
pimentas,
o gingerol, do gengibre, e o aldeído cinâmico, da canela. Além
|
da
nossa velha conhecida cafeína, do café, e da catequina, do chá
verde.
|
Castanha-do-pará
(o Selênio)
|
Quem
acumula gordura costuma sofrer de inflamação nos tecidos. E o
|
selênio,
da castanha-do-pará, funciona praticamente como um enviado
|
da
ONU em missão de paz, porque ajuda a reverter esses processos
|
inflamatórios.
Ele também turbina o sistema imunológico e ajuda a
|
tireoide,
glândula que manda e desmanda no metabolismo, a funcionar
|
bem.
|
Espinafre,
brócolis e batata (o Ácido Alfalipoico)
|
O
ácido dessas verduras ajuda a diminuir a concentração de açúcar
no
|
sangue.
Também dá uma força na regeneração de tecidos danificados,
|
porque
aumenta o fluxo sanguíneo nessas regiões e melhora a condução
|
dos
impulsos nervosos. Por isso é usado até no tratamento de lesões
|
neurológicas
e para mitigar os sintomas do Alzheimer.
|
Soja,
frango, gema de ovos (a Colina)
|
Ela
é fundamental para a formação da membrana celular e do tecido
|
cerebral.
Ajuda a derreter a gordura do fígado e a lembrar onde você
|
colocou
as chaves, porque preserva a memória.
|
Combos
nutritivos
|
Juntos,
esses alimentos são melhores do que separados
|
Salmão
+ salada de alface, agrião, brócolis e nozes
|
As
vitaminas A (agrião), D (salmão), E (brócolis) e K (alface) são
|
lipossolúveis
- ou seja, precisam de lipídios (nozes e gordura do salmão)
|
para
serem absorvidas.
|
Carne
+ alecrim
|
O
ácido rosmarínico captura os radicais livres, e o ácido
carnósico é
|
antiinflamatório.
Ambos são encontrados no alecrim e, quando
|
aquecidos,
reduzem em 70% a formação de aminas heterocíclicas,
|
substâncias
tóxicas da carne ligadas ao surgimento de câncer.
|
Cenoura
+ laranja
|
A
vitamina C combinada com o ácido fenólico da cenoura baixa os
níveis
|
de
colesterol.
|
Feijão
+ rúcula
|
O
ferro (do feijão) é melhor aproveitado pelo intestino na
presença da
|
vitamina
C (da rúcula).
|
Tomate
+ azeite
|
O
tomate é rico em um antioxidante chamado licopeno. Os lipídios
do
|
azeite
ajudam o organismo a reter esse nutriente, que ajuda a retardar o
|
envelhecimento
das células.
|
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