Larvas de moscas na cura de feridas graves
Vermes geneticamente modificados podem curar feridas graves
Larvas
de moscas são usadas no tratamento de necroses, comendo o tecido
morto
Um
grupo de cientistas da americanos e neozelandeses acaba
de publicar um estudo no qual genes humanos foram introduzidos em
moscas varejeiras, para que suas larvas produzam o fator de
crescimento PDGF-BB, que incentiva a recuperação da pele humana.
Varejeiras,
para quem não teve o desprazer de ser apresentado, são aqueles
bichinhos metálicos, verdes ou azuis, incrivelmente insistentes em
ocupar ambientes de convívio humano. E, se elas conseguem o que
querem - botar ovos em partes vulneráveis do nosso corpo -, o
resultado pode ser desastroso: as larvas crescem e se alimentam da
pessoa. O nome disso é miíase e pode
até matar.
O
que cargas dágua querem os cientistas com esses monstrinhos? Nem
todas as varejeiras são criadas iguais. As larvas de algumas delas,
como varejeira verde americana (Lucilia sericata), usada no estudo,
se restringem exclusivamente ao tecido morto. A Lucilia geralmente
ataca cadáveres, mas quando ela bota ovos em feridas
necrosadas em pessoas vivas, suas larvas se limitam a comer o que
já está estragado, poupando os médicos de complicadas cirurgias.
Melhor
ainda, elas emitem compostos bactericidas, que evitam que a necrose
se alastre. Essa é a terapia
larval, que consiste em aplicar ovos de moscas criadas em
condições estéreis em vários tipos de necrose, como escaras
cirúrgicas ou gangrena causada por diabetes, que é o foco do
estudo. A ferida então é fechada com gaze e os bichos se alimentam
do tecido morto, até se tornarem pupas (crisálidas de mosca) e
serem removidas, evitando que moscas saiam voando do paciente. Parece
tétrico, mas não é novidade: desde a Antiguidade, da experiência
de guerras, já se sabia que as moscas certas eram capazes de curar
necrose.
O
propósito do estudo foi melhorar ainda mais a terapia larval,
criando supermoscas capazes de não só comer o lixo, como incentivar
o tecido vivo em volta a se recuperar. Uma das duas técnicas
testadas foi capaz de criar larvas que emitem o PDGF-BB. Os testes
ainda não chegaram a humanos, mas são promissores. A vasta maioria
das pessoas com diabetes vivem em países com renda média ou baixa,
sem opções caras de tratamento, afirma o entomologista Max Scott,
da Universidade da Carolina do Norte. Vemos isto como o um estudo
primordial para o desenvolvimento futuro de moscas L. sericata
geneticamente modificadas, para produzir uma variedade de fatores de
crescimento e peptídeos antimicrobianos, continua. A longo prazo, o
propósito é desenvolver formas baratas de tratar ferimentos que
podem salvar pessoas de amputações e outros efeitos negativos.
Comentários
Postar um comentário
È necessário evitarmos frases que contenham palavras de baixo calão,ofensas,xingamentos,racismo e/ou qualquer insinuação de apologia a drogas ou crimes.