Obsessão pelo Fim do Mundo
Por que as pessoas sempre foram obcecadas pelo fim do mundo?
Desde relatos da Bíblia até obras de arte, o apocalipse conta com diversas representações em diferentes culturas
"OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE", QUADRO DE VICTOR VASNETSOV (1887) |
A nossa
cultura chegou a um ponto em que Armagedom, Anticristo e
vários outros termos cunhados a partir do livro de apocalipse de
João, na Bíblia,
são usados de forma frívola. Vira e mexe novas séries e filmes
sobre o fim dos tempos são lançados e nós os consumimos com o
maior entusiasmo.
Mas
não é de hoje que o apocalipse é apropriado culturalmente. Os
propósitos são vários:fazer
com que as pessoas esqueçam das verdadeiras crises mundiais, como
pobreza e guerra, forçar agendas políticas e até promover ódio
entre certos grupos.
Um
exemplo disso são alguns manuscritos do séculos XIII. Os documentos
mostram que, com a ascensão do antissemitismo, Jesus Cristo e seus
seguidores passaram a ser representados como cavaleiros, enquanto os
judeus eram retratados como as forças do Satã. A formação desse
tipo de imagem acabou por colaborar com a expulsão dos judeus da
Inglaterra em 1290.
Os
franceses também relacionaram seus inimigos a representações
demoníacas. Na “Tapeçaria
do Apocalipse”
(1373-1380), por exemplo, os seguidores da Besta (manifestação do
Satã) são soldados britânicos
A "TAPEÇARIA DO APOCALIPSE" (1377–1382), DE JEAN BONDOL E NICHOLAS BATAILLE, NO MUSEU DA TAPEÇARIA, NA FRANÇA |
.O
catolicismo não foi o único a prever o fim do mundo. A mitologia
nórdica estipulou o Ragnarok,
evento que aconteceria a partir da derrota dos deuses nórdicos e
causaria vários desastres naturais. Muitos acreditaram que este
apocalipse em específico aconteceria em 2014. Há também o famoso
fim do mundo que supostamente aconteceria em 2012, após um ciclo de
5126 anos de acordo com o calendário maia.
Até
o momento, a
ciência apresentou algumas hipóteses, como a pausa na produção de
estrelas e o crescimento do número de buracos negros.
Além delas, há o Big
Rip,
evento no qual a expansão do universo atingiria uma velocidade acima
do normal, causando o deslocamento da matéria, o isolamento de
galáxias e, após bilhões de anos, a desintegração de átomos.
REPRESENTAÇÃO ANIMADA DO BIG RIP |
Apesar
de tantas especulações, não existem indícios concretos de que o
fim dos tempos esteja perto. “As formas em que estruturamos nossas
expectativas apocalípticas são
mais um reflexo da nossa ansiedade coletiva do
que sinais do apocalipse de fato”, escrevem Natasha O’Hear e
Anthony O’Hear, das universidades de St. Andrews e Buckingham,
respectivamente.
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