13 locais históricos destruídos pelo ISIS
13 locais históricos destruídos pelo Estado Islâmico
Em quase seis anos de combate, os militantes do ISIS foram responsáveis pela destruição de uma considerável parte do passado da Síria e do Iraque
AS RUÍNAS DA CIDADE HISTÓRICA DE HATRA FORAM COMPLETAMENTE DESTRUÍDAS PELO ISIS. |
Desde
2013, o autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante –
também conhecido pelas siglas ISIL ou ISIS, na tradução do nome do
grupo em inglês – luta pela conquista de territórios na Síria e
no Iraque, travando uma guerra que já deixou mais de 230 mil mortos
e milhões de desabrigados.
Além
de tomar posse de cidades sírias e iraquianas, o grupo pretende
instaurar um califado, uma
forma de governo monárquico e totalitário comandado pela sharia, um
conjunto de leis da fé do Alcorão (o livro sagrado do Islamismo),
da Suna (os escritos sagrados sobre a vida do profeta Maomé) e uma
mistura de tradições e costumes dos primeiros séculos do Islã.
Para
afirmar a superioridade do Islamismo, o Estado Islâmico tem se
esforçado paradestruir
sítios arqueológicos e históricos de civilizações e religiões
antigas,
numa tentativa de apagar o passado.
Em
agosto de 2015, um vídeo produzido pelo grupo chocou historiadores
do mundo todo. Armado com tratores, explosivos e outras ferramentas
de destruição, o Estado Islâmico destruiu o Templo de Baal-Shamin,
construído na cidade síria de Palmira, por volta do século II a.C.
Desde 1980, o templo dedicado à divindade Baal – também chamado
de Baal-Shamin ou Beelshamên – era um Patrimônio Mundial da
Humanidade da UNESCO, que
classificou sua destruição como um gravíssimo crime de guerra.
Em
quase três anos de conflitos, o ISIS destruiu, pelo menos, treze
sítios arqueológicos ou ruínas históricas. Confira abaixo uma
lista com os alvos conhecidos:
Palmira
TEMPLO DE BAALSHAMIN EM 2010. |
As
ruínas da cidade antiga de Palmira, na Síria, foram tomadas pelos
militantes do Estado Islâmico em maio de 2015. Na época, o grupo
prometeu não tocar nos sítios históricos, mas as promessas não
foram cumpridas. Três
meses depois, o arqueólogo sírio Khaled al-Asaad, que conduzia
pesquisas nas ruínas há décadas, foi executado publicamente e
seu corpo foi pendurado em uma coluna de um dos templos antigos, sem
a cabeça.
No
mesmo mês da morte do pesquisador, os militantes do ISIS explodiram
o Templo de Baalshamin, que tinha mais de 1900 anos de história e
era um dos espaços mais prolíficos para arqueólogos e
pesquisadores descobrirem traços das antigas civilizações da
região.
Desde
então, os militantes do grupo têm destruído qualquer traço que
revele o passado de Palmira, cidade que fica num oásis e era parada
obrigatória para os comerciantes da Rota da Seda, que faziam o
famoso caminho revelado pelo escritor, explorador e mercador Marco
Polo, trocando e vendendo mercadorias entre o Oriente e o Ocidente.
A
cidade, que foi parte do Império Romano até o ano 273, era um dos
principais pontos turísticos da Síria, até ser tomada pelos
militantes do ISIS.
Mosteiro
do Mártir Elian
No
mesmo mês em que destruiu o Templo de Baalshamin, o Estado Islâmico
demoliu o Mosteiro de Mar Elian, construído há mais de 1500 anos,
na cidade síria de al Qaryatain.
O
mosteiro era um importante ponto de peregrinação de cristãos, que,
anualmente, no dia 9 de setembro, peregrinavam ao local para
relembrar a história do santo católico Elian de Homs, morto pelo
Império Romano em em 285 d.C. por se recusar a renunciar ao
cristianismo.
O
padre responsável pela igreja, Jacques Murad, foi sequestrado meses
antes da destruição do templo e o seu paradeiro é desconhecido.
Apameia
A GRANDE COLUNATA DE APAMEIA FOI DESTRUÍDA PELOS EXTREMISTAS DO ESTADO ISLÂMICO. |
As
ruínas da cidade histórica de Apameia têm sido saqueadas e
violadas desde o início da Guerra Civil Síria, mas foi a partir da
chegada do Estado Islâmico na região que a situação
piorou. Imagens
de satélite revelam buracos e escavações em todo o sítio
arqueológico e mosaicos romanos até então desconhecidos foram
retirados de Apameia e vendidos no mercado negro, levantando fundos
para bancar as ações do grupo.
Apameia
foi levantada durante o Império Selêucida, em 300 a.C., pelo rei
Seleuco I Nicator que nomeou a cidade em homenagem à sua esposa,
Apama. Durante a era cristã, nos anos d.C., era
um importante centro de conhecimento e filosofia,
também sendo uma das mais populosas cidades da região, alcançando
500 mil habitantes.
As
ruínas destruídas pelos militantes eram herança do Império
Bizantino, que comandou a região entre 395 a.C. e 1450 a.C.
Dura
Europos
O TEMPLO DE BEL, EM DURA EUROPOS,FOI OUTRO LOCAL SAGRADO DESTRUÍDO PELO ISIS. |
Outra
cidade histórica derrubada pelo Estado Islâmico é Dura Europos,
próxima à fronteira entre a Síria e o Iraque, nas margens do rio
Eufrates. A cidade foi construída durante o Império Selêucida, mas
as ruínas remanescentes eram da época em que foi um importante
entreposto comercial e marítimo do Império Parta, entre 247 a.C. e
224 d.C.
No
sítio arqueológico destruído pelo ISIS havia ruínas de casas, da
cidadela e do palácio da cidade, além de um templo de Ártemis,
deusa grega ligada à caça e à vida selvagem.
Mari
De
acordo com relatos locais e imagens de satélites, as ruínas da
cidade de Mari são saqueadas e destruídas sistematicamente desde
que o Estado Islâmico tomou posse da região.
A
cidade conheceu seu ápice durante a Era de Bronze, entre 3000 e 1600
a.C., e era fonte riquíssima de pesquisas para os arqueólogos, que
estudavam as ruínas de templos e palácios e as muitas pedras e
peças de cerâmica com inscrições da época.
Hatra
GRUPO EXTREMISTA TAMBÉM DESTRUIU A CIDADE HISTÓRICA DE HATRA.CONSTRUÍDA ENTRE OS RIOS EUFRATES E TIGRES |
Em
2014, a cidade histórica de Hatra, no Iraque, foi tomada pelo Estado
Islâmico para ser utilizada como depósito de armas e campo de
treinamento de novos soldados. Em abril de 2015, o grupo divulgou um
vídeo que mostrava militantes usando grandes martelos e armas para
destruir escultras e estruturas antigas. A diretora-geral da UNESCO,
Irina Bokova, disse que “a
destruição de Hatra é um momento decisivo na lamentável
estratégia de limpeza cultural no Iraque”.
Construída
por volta do ano 300 a.C., a cidade foi capital do primeiro reino
árabe da região, um dos únicos a resistir à invasão do Império
Romano no segundo século dos anos d.C. Com a destruição, os
historiadores e arqueólogos perderam a chance de estudar uma das
arquiteturas mais curiosas da história, que misturava conceitos
estéticos romanos e gregos, com estruturas que chegavam a ter 70
metros de altura.
Nínive
Quando
tomaram a cidade iraquiana de Mossul, em 2014, os militantes do
Estado Islâmico destruíram boa parte da arquitetura e das
esculturas das ruínas de Nínive, que, antes de sua quase completa
destruição pelos membros do grupo, era o maior sítio arqueológico
do Oriente, com mais de 750 hectares.
A
cidade foi construída durante o Antigo Período Assírio, que durou
entre os séculos XX a.C e XV a.C. e foi um dos primeiros reinos do
mundo. Nínive foi uma das muitas capitais do império e é
considerada pelos historiadores uma das maiores cidades do mundo
durante os séculos VII a.C., sendo
mencionada na Bíblia pelo profeta Jonas como “uma cidade
excessivamente grande”.
Museus
e bibliotecas de Mossul
Relatos
de destruição de história e conhecimento começaram a surgir assim
que o Estado Islâmico tomou a cidade de Mossul, no meio do ano de
2014. Manuscritos com centenas de anos de idade e milhares de livros
se perderam no mercado negro. A biblioteca da Universidade de Mossul
foi queimada em dezembro daquele ano.
Em fevereiro de 2015, a biblioteca central de Mossul, construída em 1921, foi explodida com milhares de manuscritos e instrumentos usados por cientistas árabes.
Em fevereiro de 2015, a biblioteca central de Mossul, construída em 1921, foi explodida com milhares de manuscritos e instrumentos usados por cientistas árabes.
Por
fim, alguns meses depois, o Museu de Mossul foi violentamente
atacado. O grupo registrou em vídeo seus militantes destruindo a
estrutura do lugar e diversas estátuas e obras de arte.
Nimrud
Boa
parte do que foi encontrado no sítio arqueológico de Nimrud, no
norte do Iraque, foi enviado a museus nos Estados Unidos e na
Inglaterra, mas as estruturas e arquitetura da cidade, construída há
3200 anos, foi perdida para sempre com a invasão do Estado Islâmico.
O
Ministério do Turismo e Antiguidade do Iraque informou que ainda não
é possível avaliar o tamanho do estrago feito pelos militantes
extremistas,
mas que boa parte do sítio e da muralha de 360 hectares foi
destruída por tratores do Estado Islâmico.
Khorsabad
Capital
durante o Antigo Período Assírio, a cidade de Khorsabad, também
conhecida como Dur Sharrukin, começou a ser erguida pelo Rei Sargão
II, que morreu antes de ver o fim de sua principal obra. O príncipe
Senaqueribe transferiu a capital do império para Nínive e as obras
na antiga cidade nunca foram terminadas.
Em
março de 2015, o Estado Islâmico destruiu boa parte das ruínas
milenares do sítio arqueológico, incluindo o palácio do Rei Sargão
II. Por sorte, boa parte das relíquias, estátuas e pinturas hoje
estão no Museu Iraquiano de Bagdá, em universidade de Chicago ou no
Museu do Louvre, em Paris.
Mosteiro
do Mártir São Behnam e sua irmã Sarah
Construído
pelo rei assírio Senchareb como penitência por ter matado seus
filhos Benham e Sarah, que haviam se convertido ao cristianismo, o
mosteiro ficou sob os cuidados da Igreja Ortodoxa Síria e resistiu
aos ataques das hordas de Gengis Khan, mas caiu nas mãos do Estado
Islâmico em março de 2015. Os extremistas islâmicos explodiram o
monastério, incluindo a tumba dos mártires e toda a decoração do
local.
Mesquita
do profeta Yunus (Jonas)
A
mesquita iraquiana era dedicada à figura bíblica de Jonas, também
considerado profeta por muitos muçulmanos. Mas o Estado Islâmico,
que defende uma interpretação conservadora e extremista do
Islamismo, considera a adoração de profetas como Jonas proibida. Em
julho de 2015, os militantes evacuaram a mesquita e a explodiram.
Mausoléu
de Imam Dur
O
mausoléu, que fica próximo à cidade iraquiana de Samarra, era um
dos maiores exemplos preservados de arquitetura e decoração
medieval islâmica. Foi destruído pelo Estado Islâmico em outubro
de 2015.
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