Saiba mais sobre a limitação da sua internet
Afinal, o que está acontecendo com a limitação da internet?
A
Anatel, os consumidores e as operadoras estão se digladiando por uma
resposta. Agora, a presidente pode entrar no meio.
Se
você não sabe exatamente o que está acontecendo em relação à
sua internet, não se culpe: a situação é bem confusa mesmo. A
verdade é que ninguém sabe. Nem mesmo quem deveria estar cuidando
disso. Ministérios, operadoras, a Anatel e consumidores estão se
digladiando na tentativa de conseguir uma resposta para a seguinte
pergunta: "você vai poder usar sua internet a vontade nos
próximos anos?"
A
polêmica toda começou em março. Operadoras de telefonia e internet
anunciaram que iriam implantar um sistema de internet em que
prevalecia o limite de dados. Na prática é bem parecido com o que
já rola hoje nos celulares brasileiros: você possui um número
máximo de downloads que pode fazer durante o mês (10 GB, 100 GB,
isso é determinado previamente) quando esse valor é alcançado a
operadora corta ou reduz sua conexão.
A
notícia não foi muito bem recebida. Os produtores de conteúdo para
o Youtube, vulgo youtubers, não gostaram nada da novidade - assistir
vídeos consome muita banda larga, a nova medida poderia reduzir seu
público e renda - resolveram, então, convocar seus seguidores.
Foram dezenas de filmagens pedindo que a medida fosse cancelada,
grande parte deles somando milhões de visualizações. As gerações
Y e Z começaram a infernizar as operadoras, e a pressão logo foi
sentida.
Foi
assim que a briga toda caiu no colo da Anatel, a Agência Nacional de
Telecomunicações. É responsabilidade do órgão regular o que pode
ou não pode ser feito com a nossa internet e, dadas as dimensões da
insatisfação popular, a agência teve que se pronunciar. No dia 18
de abril a instituição publicou uma determinação que impedia
qualquer mudança no sistema de cobrança por 90 dias, no entanto, o
presidente da intuição convocou a imprensa e cravou "Essa
questão da propaganda, do ilimitado acabou de alguma maneira
desacostumando os usuários. Foi uma má educação ao consumo que as
empresas fizeram ao longo do tempo". "A Anatel não proíbe
esse modelo de negócios, que haja cobrança adicional tanto pela
velocidade como pelos dados", afirmou na data.
Dois
dias depois, a SUPER conversou com Elisa Leonel, superintendente de
relações com consumidores, que explicou um pouco o então
posicionamento da Anatel "A legislação do setor de
telecomunicações não permite que a Anatel defina um modelo de
cobrança do serviço, então, o que a gente pode fazer - e estamos
fazendo - é proteger o consumidor seja em qual for o modelo que as
operadoras adotem", afirmou. Ela diz isso porque a Anatel fez
algumas exigências para as operadoras de telefonia: 1- o consumidor
precisa ter uma ferramenta que lhe possibilite acompanhar seu consumo
de internet, 2- ele precisa ser avisado quando a franquia estiver
próxima do fim, 3- ele tem que receber um perfil do seu consumo de
rede nos últimos 3 meses (para que ele veja se está no plano certo)
e 3- que nas propagandas seja claramente informado que há uma
limitação de franquia.
Mas
a pressão aumentou e a posição mudou. No último dia 23, o embago
para mudanças na forma de cobrança passou de 90 dias para "tempo
indeterminado".
O
grande motivo de discórdia no meio disso tudo é o Marco
Civil da Internet,
a lei de 2014, que estipula normas sobre os direitos e deveres do
consumidor (e das operadoras). Só que os dois lados, tanto os a
favor, quanto os contra a limitação, usam os mesmos trechos da lei
para provar que estão certos. As citações em questão sempre se
referem a três palavrinhas bonitas e pouco significativas:
neutralidade de rede.
Em
uma explicação simplificada, a neutralidade afirma que as
operadoras não podem proibir, ou cobrar mais caro para que
determinada página seja acessada. Ou seja, a NET nunca vai poder
dizer que, se você quiser acessar a Netflix, terá que pagar 10
reais a mais. Pensando nisso, as operadoras ( e a Anatel), afirmam
que as limitações não violam a lei - não haveria o bloqueio de
uma página específica, e sim de todo o conteúdo online. Por outro
lado, os críticos à limitação afirmam que, na prática, ela
acabaria atingindo, sim, alguns sites e aplicativos específicos: já
que a Netflix consome mais banda, e você tem um limite de dados por
mês, as pessoas passariam a utilizar menos o serviço, e até mesmo
repensar se vão mesmo cancelar a TV por assinatura.
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A IMAGEM ACIMA É SÓ UMA MONTAGEM, MAS-EM BREVE-PODE-SE TORNAR REALIDADE. |
Apesar
das entrelinhas, a falta de detalhamento na lei em relação a esse
tópico específico tende a favorecer o lado das operadoras "O
Marco civil é uma lei 'principiológica' - isto é, ela define
princípios sobre como se deve seguir - e, por isso, não entra em
questões como delimitação de banda larga. E é bom que seja
assim: se entrasse em detalhes, ele correria o risco de ficar
rapidamente desatualizado", afirma Carlos Affonso, diretor do
Instituto de Tecnologia e Sociedade - organização civil dedicada a
estudar o impacto de tecnologias na população. "A única
determinação que ele cita é que só se pode cortar a internet se
deixar de pagar a conta", completa. Dessa maneira, pode-se
entender que o não-pagamento de taxas extras configura como uma
inadimplência das contas propostas. O corte está autorizado. Mas há
uma ressalva "O Marco civil não aborda especificamente essa
questão, mas seus princípios são sempre voltados ao consumidor",
afirma.
Além
disso, a Anatel afirma que o Brasil não tem infraestrutura física
para que continuemos usando internet ilimitadamente. "Faltou que
junto com essa justificativa fossem apresentados números concretos.
Na ausência de estudos, a gente fica só no campo da especulação",
afirma Carlos. Mas, de acordo com a agência, a situação poderia
ser ainda pior, se não fosse as obrigações da organização frente
as operadoras. "A Anatel ela tem obrigado as empresas a garantir
qualidade e isso por via indireta obriga investimento das empresas.
Há regulamentos sobre nível máximo de internet permitido de
interrupção, velocidade mínimas e médias, e tudo isso obriga elas
a investir nas redes", afirma Elisa.
No
meio de tudo isso, a briga formava um cenário político. O governo
federal resolveu se meter de vez na história. Antes da Anatel mudar
de posição, a instituição foi pressionada publicamente pelo
Ministério da Comunicação para que estudos fossem feitos. A
pressão era sempre acompanhada de um discurso afirmando que "o
consumidor não poderia ser lesado". O ministério da Justiça
também entrou na dança, e agora especula-se sobre a
possibilidade de que Dilma, antes da votação do impeachment no
Senado, faça um decreto-relâmpago obrigando às operadoras a
desistirem da ideia dos limites de internet. A decisão ajudaria a
presidente a conseguir mais apoio popular ao longo do processo
de impedimento. Por enquanto não há decreto nem limitação,
mas, pelo jeito, não há terceira via: em breve teremos ou uma
coisa ou a outra.
COLABORADOR:
AGNALDO CURVELLO GALDINO
Técnico
em Informática: Formando do Colégio Estadual
Buarque de Nazareth, Itaperuna-RJ.
Formado
em CABEAMENTOS E REDES: Formado pelo CETEP-Itaperuna-RJ
Formado
em Montagem e Manutenção em micros: Formado
pelo CETEP-Itaperuna-RJ
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