Sete Povos das Missões
Localização:
Situa-se no Rio Grande do Sul, fronteira com Argentina.
Patrimônio da Humanidade: Desde 1983.
Museu das Missões:Projetado por Lúcio Costa em 1940, expões esculturas feitas pelos guaranis.
SETE
POVOS DAS MISSÕES
Das
ruínas de São Miguel das Missões parecem ecoar sons sublimes e
gritos de horror. O mais importante povoamento entre os sete fundados
pelos padres jesuítas no Sul do Brasil, entre 1682 e 1796, guarda a
memória de um tempo em que índios e brancos construíram juntos uma
comunidade próspera e igualitária, que foi tragicamente
destruída.Os sete povos das Missões
foram estratégias criadas por padres espanhóis no Sul do Brasil com
o objetivo de espalhar a fé católica catequizando os indígenas.
Um
pouca da História Local
O
catolicismo esteve demasiadamente presente no processo de colonização
do Brasil e foram os jesuítas que por longos séculos disseminaram a
fé cristã e catequizaram grande número de indígenas nos trópicos.
Um exemplo dessa realidade religiosa foi a prática
das missões,
com o objetivo de converter nativos da América portuguesa ao
catolicismo.
Em
território brasileiro, durante a era colonial, portugueses e
espanhóis disputavam áreas de influências para praticarem seus
objetivos políticos ou religiosos. Além do mais, havia um choque de
interesses entre padres e latifundiários, pois ao passo que os
padres queriam converter os indígenas na esfera religiosa, os
latifundiários queriam utilizá-los no trabalho escravo.
Contudo,
mesmo havendo essa dicotomia entre jesuítas e bandeirantes em
relação à captura dos indígenas, as missões conseguiram
prosperar em algumas regiões, como, por exemplo, os sete
povos das Missões desenvolvidos
na atual região do Rio Grande do Sul. Coube aos espanhóis o papel
de idealizar e construir essas missões compostas por sete reduções,
que foram: redução de São
Francisco de Borja,
de São
Nicolau,
São
Miguel Arcanjo,
São
Lourenço Mártir,São
João Batista,
São
Luiz Gonzaga e
Santo
Ângelo Custódio.
Vale
lembrar que uma das teses propaladas acerca dos motivos de criação
dessas sete
reduções no Sul do Brasil foi
a disputa territorial entre a coroa espanhola e a portuguesa, em que
os primeiros tinham o objetivo de assegurar essas terras perante os
lusitanos e, assim, incentivavam o processo de ocupação pelos
padres espanhóis.
A
primeira redução a nascer foi a de São Francisco de Borja, em
1682, fundada pelo padre Francisco Garcia. Em 1707, essa redução já
contava com 2.814 habitantes e posteriormente deu origem à cidade de
São Francisco de Borja. Em contrapartida, a redução de São Luiz
Gonzaga contava em 1707 com uma população de apenas 1.997 pessoas.
A
redução de São Nicolau já era habitada anteriormente, porém seus
habitantes tinham sido expulsos pelos bandeirantes de Francisco
Bueno, refugiando-se na Argentina e fundando por lá a redução dos
apóstolos. Contudo, em 1627, esses antigos habitantes voltaram para
a região de origem e fundaram a redução de São Nicolau. Outro
exemplo da problemática entre jesuítas e bandeirantes foi a redução
de São Miguel Arcanjo, que foi atacada e, consequentemente,
abandonada pelo seu fundador Cristóvão de Mendonça e pelos
indígenas que lá habitavam. Essa redução somente foi repovoada em
1687, com a chegada de mais de 4.000 pessoas e reconstruída da
maneira que era antes do ataque dos bandeirantes. Vale lembrar que a
redução de São Miguel Arcanjo foi dividida em duas, indo cerca
2.800 pessoas para a nova redução de São João Batista.
O
declínio dessas reduções se deu pelas divergências das políticas
entre Portugal e Espanha, principalmente após o Tratado de Madri, de
1750, em que as reduções do Sul do Brasil ficaram com os
portugueses em troca da Colônia do Sacramento para os espanhóis.
Mesmo assim as disputas continuaram entre padres e indígenas que não
queriam abandonar suas reduções de origem e se deslocarem para
outras regiões.
Registros
arquitetônicos
Um
dos mais importantes registros arquitetônicos do Brasil, as ruínas
das missões jesuíticas são comparáveis às do Coliseu e às da
Acrópole de Atenas. Datadas de 1687, a missão de São Miguel
representa o apogeu das comunidades de índios guaranis sob o comando
dos jesuítas. A imponência do que restou de sua igreja revela o
esplendor da cultura que floresceu na verdejante paisagem dos pampas
em São Nicolau, Santo Ângelo, São Lourenço, São João Batista,
São Luiz Gonzaga, São Francisco Borja e São Miguel, capital dos
Sete Povos das Missões. As construções - Igreja, biblioteca, casa
dos padres, casas dos índios, oficinas, cemitério e casa dos
órfãos e das viúvas – seguiam a mesma disposição ao redor de
uma praça quadrangular de 130 metros de lado.
Do
paraíso ao inferno
As
missões eram ilhas de prosperidade e chegaram a reunir mais de 100
mil nativos. Os índios criavam gado, plantavam e vendiam o
excedente. O trabalho era coletivo e seus frutos, repartidos
igualmente por todos. Esse paraíso começou a ruir em 1750, quando
os reis de Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri,
estabelecendo novas fronteiras na América do Sul. Os Sete Povos,
que então pertenciam à Espanha passaram a Portugal, que expulsou os
índios e jesuítas que se recusaram a abandonar as missões. Houve
guerra. Os guaranis resistiram bravamente sob a liderança do cacique
Sepe Tiaraju, mas as missões foram arrasadas. Sua coragem, no
entanto, sobrevive no espírito guerreiro dos cavaleiros dos pampas.
Companhia de Jesus
Nome oficial das Ordens dos Jesuítas, fundada em 1540 fundada por Santo Inácio de Loyola. Sua principal atividade era catequese dos nativos.
Criação Artísticas
Os índios confeccionavam instrumentos musicais e cantavam no coro da igreja, além de esculpir imagens de anjos e santos para enfeitá-las.
Basílio da Gama
Autor do poema épico O URUGUAI, que relata a guerra que se seguiu ao Tratado de Madri. Exalta as qualidades dos índios diante dos europeus.
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