Astrônomos acham planeta gigante com dóis sóis
Astrônomos acham planeta gigante com dois sóis na zona habitável de seu sistema
Já
estamos fartos de saber que há planetas que orbitam em torno de duas
estrelas simultaneamente. Também cansamos de ver planetas gigantes,
e conhecemos um bocado de planetas na zona habitável. Mas agora
encontramos tudo isso num único pacote: um planeta do tamanho de
Júpiter girando em torno de uma estrela binária na região ideal
para o surgimento da vida.
O
planeta em si, como um inóspito gigante gasoso, não seria um
propício ao surgimento de formas biológicas. Mas ele provavelmente
tem luas, e esses satélites naturais, se fossem grandes o
suficiente, poderiam ser capazes de abrigar vida. Agora sinta um frio
na espinha ao pensar na visão do céu que teríamos numa lua-oceano
orbitando um gigante gasoso que por sua vez gira em torno de dois
sóis. Uau.
O
anúncio da descoberta foi feito nesta segunda-feira (13), durante a
228a Reunião da AAS (Sociedade Astronômica Americana), que está
rolando a todo vapor na cidade de San Diego, na Califórnia, e terá
ainda outras novidades incríveis para os próximos dias (e o
Mensageiro
Sideral está
de olho, pode apostar).
O
planeta recebeu o nome de Kepler-1647b e está a cerca de 3.700
anos-luz de distância, localizado num sistema planetário na
constelação do Cisne.
Como
a nomenclatura sugere, esse mundo foi flagrado pelo telescópio
espacial Kepler, da Nasa, conforme passava à frente de suas duas
estrelas-mãe, entre 2009 e 2013. Mas não foi fácil confirmar sua
existência, pois ele só completa uma volta a cada 1.107 dias
terrestres — pouco mais de três anos –, o que significa dizer
que o satélite só conseguiu ver duas passagens do planeta por cada
uma das estrelas. É muito pouco para descartar, só com isso, um
alarme falso.
Por
essa razão, foi necessário um esforço de observação adicional em
terra, a fim de confirmar o achado, agora reportado simultaneamente
na conferência da AAS e em um artigo
aceito para publicação no “Astrophysical Journal”.
DENTRE
OS GRANDES, ÉS O PRIMEIRO
O
Kepler-1647b é o maior dos planetas circumbinários (ou seja, que
orbitam duas estrelas) a ser detectado pelos astrônomos. Seu raio é
apenas 6% maior que o de Júpiter (com margem de erro de 1% para
baixo ou para cima). Sua massa, por sua vez, está em torno de uma a
duas vezes a de Júpiter.
Ele
também é o planeta circumbinário com a órbita mais larga já
descoberto pelo Kepler. E, como seria de se esperar, as duas estrelas
que compõem o sistema também produzem eclipses ao passar uma à
frente da outra, conforme giram em torno de um centro de gravidade
comum. Ambas similares ao Sol (uma um pouco maior, a outra um pouco
menor) e muito próximas, elas produzem um eclipse a cada 11 dias.
Curiosamente,
um dos trânsitos detectados do planeta aconteceu justamente num
momento em que uma estrela eclipsava a outra, conforme a ilustração
acima!
órbita de todos os planetas circumbinários conhecidos. A linha pontilhada delimita o limite interno para órbitas estáveis, a vermelha é a do Kepler-1647b. |
Estima-se
que o sistema Kepler-1647 tenha cerca de 4,4 bilhões de anos —
praticamente um contemporâneo do nosso Sistema Solar, com seus 4,6
bilhões de anos. Houve, portanto, tempo mais do que suficiente para
que a vida possa ter emergido numa lua que existisse ao redor do
gigante Kepler-1647b.
A
importância maior da descoberta, contudo, é confirmar a predição
teórica feita pelos cientistas de que deveria haver planetas
circumbinários em órbitas mais alongadas. Até então, os
pesquisadores só haviam descoberto mundos de dois sóis em órbitas
mais compactas. Esse mundo está quase três vezes mais afastado de
seus sóis do que a Terra com relação ao nosso (e só se encontra
na zona habitável justamente porque há duas estrelas no sistema,
produzindo muito mais energia do que o nosso Sol solitário).
“Apesar
da importância que a nova descoberta de um planeta circumbinário
tem ao aguçar nossa curiosidade humana básica sobre mundos
distantes, sua principal significância é expandir nossa compreensão
do funcionamento interno de sistemas planetários nos ambientes
dinamicamente ricos de estrelas binárias próximas”, escreveram os
pesquisadores.
Com
efeito, mundos circumbinários são um tema fascinante e uma das
grandes surpresas que o estudo dos exoplanetas trouxe aos astrônomos.
Matéria
na íntegra através do link:
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/06/13/astronomos-acham-planeta-gigante-com-dois-sois-na-zona-habitavel-de-seu-sistema/
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