Combinação de novas drogas contra o câncer
Combinação de novas drogas deve turbinar luta contra o câncer
A
imunoterapia tem ganhado cada vez mais espaço entre as armas contra
o câncer. A estratégia de tirar o "disfarce" do tumor
para que o próprio organismo lute contra a doença tem tido bons
resultados e, em geral, com poucos efeitos colaterais.
O
consenso é de que ela dominará o futuro da oncologia. Agora, o uso
de múltiplas drogas simultaneamente parece ser a próxima fronteira
para combater a doença.
Entre
os vários estudos apresentados no encontro anual da Asco (Sociedade
Americana da Oncologia Clínica), que terminou nesta terça (7) em
Chicago, casos de sucesso dessas terapias combinadas ganharam
destaque.
O
objetivo na luta contra o câncer é buscar moléculas melhores e
menos agressivas ao organismo. Como juntar moléculas de alta
toxicidade para obter melhores resultados é praticamente impensável,
é aí que a eficaz, menos danosa e cara imunoterapia ganha espaço.
Dois
anticorpos imunoterápicos, o nivolumabe e o ipilimumabe (ambos da
farmacêutica Bristol-Myers Squibb), se combinados, podem ter um
efeito bastante positivo no tratamento do melanoma (tumor de pele).
Foi esse, aliás, o primeiro tipo de câncer a chamar atenção com a
nova estratégia, por volta de 2010.
De
acordo com as farmacêuticas, não há obstáculo nem mesmo em testar
combinação entre drogas concorrentes. "Isso interessa aos dois
lados", afirma Ronit Simantov, líder médica do setor de
oncologia da Pfizer.
Para
ela, se não houvesse essa disposição de colaborações, seriam
desperdiçadas oportunidades de trazer um melhor tratamento aos
pacientes – o que também significaria menos vendas.
Nessa
disputa por espaço também está a MSD com sua droga pembrolizumabe,
que vem sendo estudada em várias doenças, como melanoma, tumores do
sistema digestivo e de pulmão de pequenas células.
"Na
quimioterapia clássica já havia combinação de drogas. O que
acontece agora é que foi aberta a 'caixa' da imunoterapia. Seus
mecanismos estão começando a ser conhecidos agora, e mexer nessas
chavinhas pode ser o caminho", diz a diretora médica da MSD
Luciana Fanti.
"Mas
às vezes há 40%, 50% de resposta. Nem sempre adianta insistir com a
imunoterapia se o sistema imunológico nem enxergou o tumor",
diz ela.
DINHEIRO
O
problema é como pagar por esses medicamentos. O custo do nivolumabe
pode ser de mais de US$ 150 mil, e o do ipilimumabe, de mais de US$
100 mil. A combinação sai cara, mas com sobrevida quatro vezes
maior do que a do uso isolado do "ipi".
"Combinação
de vários tratamentos não funciona para todo mundo com câncer. É
muito caro, não há sistema que aguente. Temos de conhecer cada vez
mais os tumores e achar os biomarcadores para saber em que casos vale
a pena gastar mais", afirma Luciana.
"Pra
quem trabalha com pesquisa desenvolvimento, não faz sentido ignorar
a questão do acesso ao paciente", diz diretor médico da
Bristol Roger Miyake.
Para
o oncologista Gilberto Lopes Jr, do Grupo Oncoclínicas, as
farmacêuticas geralmente recuperam o alto dinheiro investido em
pesquisa e desenvolvimento com a venda das novas drogas em países
desenvolvidos.
O
custo de produção, envase e distribuição para países pobres não
teria grande impacto nas receitas se a droga fosse vendida a eles a
um preço menor – o que tem se tornado uma prática cada vez mais
comum. Isso dá esperança de que o acesso aos mais novos tratamentos
inovadores com imunoterápicos possam chegar mais rapidamente às
redes privada e (quem sabe) pública do país.
solução?
solução?
Mesmo
com toda a euforia em torno dos imunoterápicos, não são todos que
apostam na ideia de que eles resolverão de vez problema do câncer.
É o caso do oncologista Carlos Henrique Barrios.
"Não
sei se esse é o caminho e tenho minhas ressalvas. Por enquanto
estamos vivendo uma lua de mel. Todo mundo acha a imunoterapia
maravilhosa, parece que é uma coisa fantástica e há uma série de
análises a respeito, mas não podemos esquecer que não são todos
os pacientes que se beneficiam. O que eu faço com quem não
responder?", questiona.
"Eu
sou conservador. Há 15 anos lançamos os conceitos de tratamento por
antiangiogênese [que impediria a criação de novos vasos pelo
tumor, limitando seu crescimento] e até hoje não sabemos quem são
os pacientes que se beneficiaram disso. Também há esse risco da
imunoterapia. Ambas são estratégias que se valem de recursos do
armamento normal do próprio organismo."
Para
ele, a saída é investir em formas de descobrir quem, afinal, pode
se beneficiar da imunoterapia.
Matéria
na íntegra através do link:
Comentários
Postar um comentário
È necessário evitarmos frases que contenham palavras de baixo calão,ofensas,xingamentos,racismo e/ou qualquer insinuação de apologia a drogas ou crimes.