28 novos mamíferos nas Filipinas
Cientistas descobrem 28 novos mamíferos nas Filipinas
Rato arborícola das Filipinas. |
Muitos
nunca ouviram falar do rato-nebuloso. Essa curiosa criatura não se
parece muito com os ratos com que a maioria das pessoas está
familiarizada. Na verdade, o rato-nebuloso não é uma única
criatura, mas todo um ramo inteiro da árvore da vida.
Esta
é composta por 15 espécies encontradas exclusivamente nas
Filipinas, do rato-nebuloso-gigante-de-Luzon –que pesa mais de 2
quilos– a um tipo de rato-arborícola, de duas gramas, com seus
imensos bigodes.
Este
último está entre as cinco novas espécies de ratos-nebulosos
identificados por uma equipe de cientistas que estiveram catalogando
os pequenos mamíferos nos últimos 15 anos em Luzon, a maior das
ilhas das Filipinas.
Danilo
Balete, biólogo do Museu Field de História Natural de Chicago
(EUA)flo, diz que as várias espécies podem ser confundidas com
"coelhos com longas caudas peludas ou com pequenos pandas".
Os ratos-nebulosos de Luzon tem diferentes formas e tamanhos. Alguns não são achados em nenhum outro lugar. |
Balete
e seus colegas ficaram surpresos com a biodiversidade que encontraram
no lugar. Eles dobraram o número de mamíferos endêmicos
registrados na ilha de 28 para 56, o que significa que o país pode
abrigar a maior concentração de espécies únicas de mamíferos do
planeta.
"Ficamos
realmente surpresos, não apenas com o número, mas com a diversidade
em termos de forma. São animais espetaculares que só são
encontrados em uma ilha nas Filipinas", ressalta Balete em
entrevista à DW.
"GALÁPAGOS
SUPERCARREGADA"
Assim
como os ratos-nebulosos, a equipe identificou 23 novas espécies de
camundongos que se alimentam de minhocas. Os cientistas comparam
Luzon a uma versão supercarregada das Ilhas Galápagos, onde Charles
Darwin conseguiu visualizar sua teoria da evolução das espécies.
"O
número de espécies de Galápagos é realmente muito baixo em
comparação com as Filipinas", afirma Balete. "Só este
grupo de mamíferos é muito mais diversificado do que qualquer coisa
nas Ilhas Galápagos."
O Phloeomys pallidus parece um panda em miniatura. |
Bolsões
de floresta tropical fornecem habitats sutilmente variados, em que os
ratos foram originando uma miríade de espécies. Cumes de montanhas
individuais em Luzon abrigam até cinco espécies que não são
encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Isso é mais do que
qualquer país europeu possui em espécies únicas.
Os
cientistas agora publicaram seus resultados sob o título "Doubling
diversity: a cautionary tale of previously unsuspected mammalian
diversity on a tropical oceanic island" (Duplicando diversidade:
um conto preventivo da diversidade de mamíferos anteriormente
insuspeitos em uma ilha tropical oceânica, em tradução livre).
"Uma
das revelações mais importantes deste estudo é que nós realmente
não sabemos a extensão da diversidade de mamíferos em nenhum lugar
do mundo. Novas descobertas ainda estão sendo feitas, mesmo na
África ou em Madagascar", explica Balete.
O
estudo também é uma advertência contra exterminar espécies antes
mesmo de se saber que elas existem. As Filipinas são um dos países
no mundo mais fortemente desmatados, com apenas 7% de floresta
tropical original restante.
APELO
PELA CONSERVAÇÃO
O Rynchomys soricoides só se alimenta de minhoca. |
Luzon
também é lar de 57 espécies de morcego –incluindo o
impressionante morcego gigante das Filipinas, também conhecido como
raposa voadora, com uma envergadura que atinge 1,7 metro–, do sus
philippensis, espécie de porco ameaçada, e do pássaro nacional do
país, a águia-das-filipinas.
Mas
a ilha do Pacífico também tem uma população humana de 50 milhões,
cerca de metade dos quais vivem na capital do país, Manila.
Assentamentos humanos e agricultura estão invadindo a floresta. E
muitas das espécies únicas da ilha são alvo de caçadores? com os
grandes ratos-nebulosos sendo considerados uma refeição saborosa.
Belate
diz que a pesquisa de sua equipe deixa claro que novas áreas de
proteção devem ser estabelecidas em Luzon. "A definição e a
seleção de áreas protegidas são baseadas em dados que não
refletem com precisão a diversidade", explica.
"Nosso
estudo mostra que há o dobro do número de áreas de endemismo do
que se pensava anteriormente. Isso significa que temos de proteger
muito mais áreas para assegurar que essa diversidade única continue
a prosperar", conclui.
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