Apendicite, o que fazer?

Apendicite, o que fazer?

Evitar a cirurgia com antibióticos? Ou esquecer os antibióticos que acabam só adiando a cirurgia?
A retirada do apêndice tem sido o tratamento de escolha desde a metade do
século XIX.

Apendicite é a principal causa de cirurgia abdominal de emergência. A incidência durante a vida varia de 7% a 14%. Os homens correm risco mais alto.
A doença instala-se quando fragmentos de fezes obstruem a luz do apêndice juntamente ao ceco, provocando distensão, crescimento de bactérias e aumento da pressão interna que pode levar à gangrena e à perfuração.
O diagnóstico baseia-se na história de dores que se iniciam no centro do abdome e migram para a fossa ilíaca direita, na parte inferior, acompanhadas de náuseas, vômitos, febre baixa e aumento do número de glóbulos brancos no hemograma. No entanto, menos de 50% dos doentes exibem todas essas características.
O ultrassom e a tomografia computadorizada diminuem o risco de diagnósticos equivocados. A tomografia é mais sensível e específica do que o ultrassom, mas custa mais caro e envolve o emprego de radiações, que inviabilizam seu uso na gravidez. Quando as imagens do ultrassom forem duvidosas, a ressonância magnética pode ser empregada nesses casos.
A retirada do apêndice (apendicectomia) tem sido o tratamento de escolha desde a metade do século XIX. Na década de 1990, a laparoscopia tornou-se a técnica preferida por muitos cirurgiões.
A cirurgia laparoscópica ganhou popularidade pelo fato de não abrir a parede abdominal, reduzir o risco de infecções e diminuir a intensidade da dor no pós-operatório. Amortizados os gastos com o aparelho, os custos são mais baixos do que os da cirurgia convencional.
Intervenções laparoscópicas são contraindicadas em pessoas com cirurgias anteriores, apendicite avançada ou doenças pulmonares e cardíacas que impossibilitem a distensão do abdome com gás, necessária para a visualização adequada dos órgãos.
A máxima tradicional “diagnóstico feito, paciente operado” tem sido questionada nos últimos anos, em diversos centros europeus.
Em vários hospitais surgiram estudos para testar a hipótese de que a administração de antibióticos intravenosos por um ou dois dias, seguidos da via oral por mais sete dias, seria alternativa razoável à cirurgia.
Neles, de fato, a maioria dos pacientes conseguiu evitar a operação. Os números daqueles em que a antibioticoterapia foi ineficaz variaram de zero a 53%, conforme o estudo. O índice de perfurações que exigiram cirurgias de emergência não foi mais alto.
Entretanto, no período de quatro a sete meses de acompanhamento daqueles em que os antibióticos deram bons resultados, 10% a 37% tiveram recaídas que levaram à apendicectomia.
Os defensores da antibioticoterapia argumentam que o apêndice seria uma estrutura fisiologicamente ativa, que ofereceria local seguro para colônias de bactérias importantes para repopular a flora intestinal depois de quadros de diarreia.
Pelos dados disponíveis não é possível identificar quem se beneficiaria dessa estratégia “antibióticos antes”.
A World Society of Emergency Surgery afirma: “Como esse procedimento conservador apresenta altos índices de recorrência, os resultados são inferiores aos da apendicectomia tradicional”.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Formação do Solo

Doze PROFETAS

Olimpíadas na antiguidade