Mistérios cósmicos a serem desvendados com a chegada de Juno
Nave da Nasa chega a Júpiter e pode desvendar mistérios cósmicos
A
sonda supertecnológica Juno entra em órbita depois de 5 anos de
viagem. Entenda porque essa é a viagem espacial mais importante dos
últimos tempos.
Depois
de cinco anos no espaço e 3.390 milhões de quilômetros
percorridos, não é exagero que a missão
Juno tenha
recebido o apelido de "Momento da Verdade". A sonda da Nasa
chegou a Júpiter, o mais misterioso dos planetas do Sistema Solar.
Nesta
terça-feira, à 1h da manhã, a espaçonave Juno entrou na órbita
do planeta gigante e a humanidade vai poder observar Júpiter de uma
forma nunca antes vista. O nome da missão não é coincidência: na
mitologia romana, Juno era a esposa de Júpiter (nome latino do deus
grego Zeus) e vivia a espiá-lo. Mas, ao invés de tentar descobrir
as infidelidades do marido, como nos mitos, a Juno da Nasa quer
descobrir em Júpiter as origens da Terra e do Sistema Solar como o
conhecemos.
Para
os fanáticos espaciais, a Nasa criou um aplicativo
para Windows que
acompanha a posição da Juno em tempo real e explica a missão passo
a passo.
O
maior planeta do nosso sistema tem uma massa maior que Saturno, Urano
e Netuno somados - o que não é fácil, considerando que a parte
visível de Júpiter é uma grande nuvem de gás, 11 vezes mais larga
que a Terra. É através dessa grossa neblina que os sensores da Juno
vão espiar, para descobrir mais sobre a composição interna do
planeta.
Primeiro
planeta
A
razão pela qual Júpiter tem tanto a revelar sobre o nosso Sistema
Solar é que tudo indica que ele tenha sido o primeiro planeta a se
formar por aqui.
A
maior parte de Júpiter é feita de hidrogênio e hélio, os mesmos
gases leves que formam o Sol. Por isso, os cientistas acreditam que o
planeta se formou a partir dos "restos" da mistura que
formou a nossa estrela - e assim, ele teria surgido na infância do
sistema solar.
Por
causa da sua massa gigantesca, a composição original de Júpiter
está praticamente intacta - o que torna o planeta praticamente um
livro de história planetária ambulante. Chegar mais perto da
superfície é o primeiro passo para decodificar o que ele diz.
Núcleo
desconhecido
Um
dos grandes mistérios ao redor de Júpiter é o que está debaixo de
todo aquele gás. Alguns cientistas defendem que existe um núcleo
sólido de metal, maior que a própria Terra. Outros acreditam que se
trata de uma concentração de alta pressão de hélio e hidrogênio.
Os
sensores da Juno podem trazer a primeira confirmação da composição
interna de Júpiter. A quantidade de água e amônia encontrada na
atmosfera, por exemplo, pode ser um indício de que o interior do
planeta é composto de metais pesados.
Saber
mais sobre as "partes íntimas" e desconhecidas de Júpiter
tem implicações para todos os planetas do sistema solar. Foi depois
do surgimento desse núcleo que Júpiter passou a exercer atração
gravitacional sobre o resto do sistema. Os cientistas acreditam que o
primeiro planeta serviu como um aspirador de pó, retirando
asteroides e planetas e deixando a área livre para a formação de
planetas como Mercúrio, Vênus, Marte e até a nossa Terra.
Gigante
Magnético
Além
da atmosfera jupteriana, outro foco do estudo da Juno é o enorme
campo magnético ao redor do planeta. O gás hidrogênio das nuvens
do planeta é comprimido nas camadas internas, se tornando um líquido
com o aumento de temperatura e de pressão. Lá dentro, ele conduz
eletricidade como um metal e forma um campo magnético muito
poderoso.
As
sondas da Juno vão tentar criar um mapa desse campo, que pode trazer
informações para os cientistas sobre a estrutura interna e uma
medida mais precisa do núcleo de Júpiter.
O
campo magnético também é responsável pelas "auroras boreais"
de Júpiter, muito mais brilhantes do que as que temos na Terra, e
elas vão ser fotografadas
em alta definição pela
primeira vez. Além de uma missão de ciência, Juno também vai ser
uma missão de arte.
Desafios
astronômicos
Para conseguir entrar na órbita de Júpiter nessa madrugada, a Nasa teve que ultrapassar dois grandes desafios principais: a radiação do planeta e a velocidade de inserção orbital.
Júpiter
emite 66 milhões de vezes mais radiação que a Terra - e por isso,
os computadores e sensores da Juno precisaram ser colocados em uma
espécie de bunker espacial, uma caixa de titânio que reduz a
exposição à radiação em 800 vezes. Mesmo assim, ao longo do
tempo a proteção vai esgotar - o cálculo feito pelos cientistas só
protege a nave tempo suficiente para terminar sua missão científica
com sucesso.
Além
disso, para chegar até Júpiter em 5 anos, Juno bateu recordes de
velocidade no espaço - a nave se move a 260 mil km/h. Mas está
rápida demais para conseguir entrar em órbita e, por isso, vai
queimar seu motor principal essa madrugada durante 35 minutos, para
conseguir desacelerar. Se der tudo certo, a Juno se estabilizar a 210
mil km/h, "devagar" o suficiente para ser atraída pela
força gravitacional do planeta.
A
espaçonave vai dar a volta ao redor de Júpiter 37 vezes, coletando
dados por cerca de um ano e meio. A cada quinze dias, Juno vai dar um
"mergulho" na superfície das nuvens que cercam o planeta.
Quando a missão for considerada completa, os cientistas da Nasa
esperam ter informações suficientes para entender como outros
grandes planetas gasosos funcionam.
Além
disso, eles acreditam que, a partir dos dados do campo magnético de
Júpiter, vai ser possível modelar o funcionamento de estrelas
jovens - e, com isso, entender mais sobre o "jardim da infância"
dos sistemas planetários.
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