Onda Gravitacionais
ondas gravitacionais
Detectadas
novamente, as ondas gravitacionais são uma outra forma de luz, que
estamos aprendendo a enxergar.
Se
ainda havia alguma dúvida sobre as existência de ondas
gravitacionais, elas acabaram. Anunciaram nos EUA a segunda detecção
dessas ondas furtivas - produzidas novamente pelo nascimento de um
buraco negro gigante (filhote da colisão enter dois buracos
menores). Mas para quê servem as ondas gravitacionais? O que dá
para dizer é que elas são uma nova luz. Não na forma figurada, na
forma real mesmo. Até fevereiro de 2016, quando um grupo de
cientistas anunciou a primeira detecção de ondas gravitacionais da
história, só existia um jeito de perscrutar o espaço: detectando a
luz dos astros, além de outros tipos de onda eletromagnética, como
raios gama e infravermelho. Mas era pouco. A verdade é que a maior
parte do cosmos não emite nem reflete luz - a começar pelos buracos
negros; a terminar, pela matéria escura, provavelmente a coisa mais
misteriosa já testemunhada pela humanidade, e que também teima em
não interagir com a força eletromagnética.
Isso
significa o seguinte: se você chutar uma bola de futebol feita de
matéria escura, seus pés atravessarão a bola como se ela fosse um
fantasma - o que possibilita um chute é a força de repulsão
eletromagnética entre os átomos do seu pé e os da bola; sem força
eletromanégtica, não tem repulsão; sem repulsão, não tem chute.
O engraçado é que essa "bola fantasma", feita de matéria
escura, teria peso. É que ela produz gravidade, e está sujeita à
gravidade, tal como qualquer outra coisa com massa - o Sol, a Terra,
o seu corpo. E qualquer coisa que produz gravidade emite ondas
gravitacionais.
Bom,
a única forma de estudar objetos como buracos negros e matéria
escura é "observar" as ondas gravitacionais que eles
emitem. Para observar outra pessoa, por exemplo, você detecta com o
nervo óptico as ondas eletromagnéticas de luz visível que ela
reflete. A partir daí coleta informações sobre o outro indivíduo:
fica sabendo o tamanho, o sexo, a cor do cabelo, a simetria facial?
Com as ondas gravitacionais é parecido: elas também carregam toda a
sorte de informação sobre o objeto que as emitiu - a coemçar pela
massa e pela forma dele. Nisso, elas devem descortinar uma nova
realidade se para a astrofísica. Mais especificamente, nestas áreas
aqui:
1.
No estudo de Buracos negros
Buracos
negros fazem com a luz tal qual Caetano a Leonardo DiCaprio -
devoram. Logo, são 100% invisíveis. Só sabemos que eles existem
por referências indiretas - basicamente pela torrente de energia que
astros em agonia jorram antes de serem engolidos. Mas ondas
gravitacionais eles emitem. Ou seja: agora, vai dar para pesquisá-los
melhor.
2.
Nas pesquisas sobre o Big bang
Informação
A: O evento que mais produziu ondas gravitacionais em todos os tempos
foi justamente... o início dos tempos. O Big Bang. Informação B:
"Agências financiadoras investirão em novos projetos para
observar essas ondas", diz o astrofísico César Costa, do Inpe.
Junte A com B e temos a perspectiva de desvendar mais sobre o Big
Bang.
3.
Na busca pela matéria escura
Oito
em cada dez pedaços de matéria que existem no Universo afora não
são feitos de átomos, mas de algum material misterioso que não
interage com a luz, só emite ondas gravitacionais. Uma das hipóteses
é de que a matéria escura nem exista - e seja só ondas
gravitacionais vindas de universos paralelos. Viagem? Talvez, mas a
resposta está nas ondas.
4.
Na unificação da física
A
Teoria da Relatividade Geral explica a força gravidade. A Física
Quântica, as outras três forças da natureza: a eletromagnética,
que mantém os elétrons orbitando os núcleos dos átomos, a força
nuclear fraca, envolvida nos processos de radiação, que é quando o
núcleo atômico "se despedaça"devagar, e a força nuclear
forte, que mantém os quarks unidos para formar os prótons e
nêutrons dos núcleos. Essas três forças dos domínios da Física
Quântica são todas transmitidas por meio de partículas: a
eletromagnética pelos fótons; a força nuclear forte pelos glúons;
e a força nuclear fraca pelos pelos chamados bósons W e Z". A
gravidade, porém, não tem uma partícula associada a ela (a
Relatividade Geral explica a gravidade como uma distorção do espaço
e do tempo, e pronto). Por outro lado, a mera existência de ondas
gravitacionais é um indício poderoso de que, sim, existe uma
partícula "transmissora" de gravidade. Se descobrirem
mesmo essa partícula (que os teóricos batizaram de "gráviton"),
isso ajudaria a "unificar a física". É que a Relatividade
Geral e a Física Quântica são dois ramos da ciência que não se
bicam, por mais que ambos estejam corretos. A eventual descoberta do
gráviton faria da gravidade a primeira das quatro forças da
natureza a ser explicada ao mesmo tempo pela Relatividade Geral e
pela Física Quântica - de forma não-excludente, ou seja, as duas
explicações se manteriam válidas. Isso seria uma revolução no
conhecimento. E agora, com a confirmação definitiva das ondas
gravitacionais, estamos mais perto dessa maravilha do que jamais
estivemos.
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