Relator da CCJ recomenda anular votação do caso Cunha
Relator da CCJ recomenda anular votação do caso Cunha no Conselho
Ronaldo
Fonseca (PROS-DF) apresentou relatório à CCJ nesta quarta
(6).
Parecer do deputado do PROS ainda precisará ser votado pela
comissão.
O
deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), relator na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) de recurso do presidente afastado da
Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recomendou ao colegiado, na sessão desta
quarta-feira (6), anular a votação do relatório do Conselho de
Ética que opinou favoravelmente à cassação do mandato do
peemedebista. Em seu voto, o deputado do Distrito Federal sugeriu à
CCJ que seja realizada uma nova votação no conselho para analisar o
processo de perda de mandato.
O
relatório de 76 páginas apresentado por Ronaldo Fonseca ainda terá
de ser submetido à votação no plenário da comissão. A previsão
é de que a análise do parecer do parlamentar do PROS ocorra somente
na próxima semana, na medida em que integrantes da "tropa de
choque" de Eduardo Cunha devem pedir vista (mais tempo para
analisar o caso) ao final da leitura do documento. Com isso, a
votação só poderá ser realizada, pelo menos, dois dias úteis
depois da sessão desta quarta.
O
presidente afastado da Câmara comunicou, por meio de sua conta
pessoal no microblog Twitter, que pretende
comparecer pessoalmente na sessão que analisará o recurso.
Os advogados de Cunha comunicaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a
intenção do peemedebista de ir pessoalmente à CCJ no dia da
votação do relatório.
Ronaldo
Fonseca foi alvo de críticas ao ser indicado para a relatoria do
recurso por ser considerado um aliado de Cunha. Apesar das pressões
para substituir o deputado do Distrito Federal do posto de relator, o
presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR),
decidiu mantê-lo na função.
Cunha
recorreu da decisão do Conselho de Ética que recomendou a cassação
de seu mandato e citou pontos do processo que, segundo ele, foram
irregulares (veja
mais detalhes sobre o recurso de Cunha abaixo).
O
presidente afastado também alegava no recurso que seu direito de
ampla defesa não foi respeitado no Conselho de Ética. Ele
argumentou à CCJ que deveria ter sido ouvido antes da votação da
admissibilidade do relatório pela sua cassação.
Cunha
reclamou ainda que a escolha do relator de seu processo no Conselho
de Ética foi irregular. O peemedebista disse que o sorteio para
definição da relatoria foi realizado depois da ordem do dia do
conselho, mas, na avaliação dele, teria que ser feito durante a
ordem do dia.
Na
conclusão de seu relatório, Fonseca negou parte dos recursos
apresentados à CCJ pela defesa de Cunha, mas aceitou o argumento de
que a votação do parecer elaborado pelo deputado Marcos Rogério
(DEM-RO) deve ser anulada (assista
ao vídeo acima).
"Diante
do exposto, não conheço dos Recursos nºs 107 e 108, de 2015, e
114, de 2016, e conheço parcialmente do Recurso nº 144, de 69 2016.
Na parte conhecida, dou-lhe parcial provimento, apenas para anular a
votação do Parecer do Relator, Deputado Marcos Rogério, referente
à Representação nº 01/2015, realizada no dia 14/06/2016, devendo
outra ser realizada em estrito cumprimento às normas regimentais",
diz trecho do relatório.
"Neste
particular, portanto, o recurso deve ser acolhido para que se anule a
votação do parecer realizada no dia 14/06/2016, devendo outra ser
realizada, com estrita observância às normas regimentais",
complementou em outro ponto do documento.
'Absolutamente
tranquilo'
Pouco
antes de dar início à leitura do seu parecer, por volta das 10h30
desta quarta-feira, Fonseca se justificou, dizendo que sabia de que
será cobrado pela sua posição no relatório. Ele, no entanto,
afirmou que está “absolutamente tranquilo com a minha
consciência”.
“Sei
o quanto serei cobrado pela minha posição, não tem receio, minhas
convicções defenderei sempre”, enfatizou.
“Estou
absolutamente tranquilo com a minha consciência e com meu dever
cumprido”, acrescentou Fonseca no plenário da CCJ.
Ainda
na tentativa de rebater prováveis críticas, o relator do recurso de
Cunha na CCJ disse, antes de iniciar a leitura do voto, que se
considera um “árduo defensor da Lava Jato”, mas que não iria se
“curvar a qualquer tipo de pressão”.
Conselho
de Ética
Presidente
do Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Carlos Araújo
(PR-BA) acompanhou parte da leitura do parecer de Ronaldo Fonseca na
sessão da CCJ. Ao G1,
o parlamentar baiano disse que o relator da Comissão de Constituição
e Justiça elaborou seu parecer de forma técnica. Araújo,
entretanto, ressaltou que não concorda com a recomendação para
anular a votação no Conselho de Ética.
Para
o deputado do PR, o sistema de votação foi uma escolha unânime de
todos os integrantes do colegiado. Araújo disse não acreditar que a
CCJ vá aprovar o relatório de Fonseca acatando parcialmente o
recurso de Cunha.
“Não
admito essa hipótese de refazer a votação [no Conselho de Ética],
porque não tem amparo regimental. Colocamos em votação o
requerimento de um deputado pedindo a votação por chamada e ele foi
aprovado por unanimidade. Por unanimidade”, frisou o presidente do
Conselho de Ética.
Caso
a comissão venha a aprovar o relatório de Fonseca, Araújo disse
que será necessário estudar um calendário para remarcar a votação.
Recurso
No recurso apresentado à CCJ, Cunha questiona diversos pontos que considera erros de procedimento na tramitação do processo que o investigou no Conselho de Ética. Ele responde por, supostamente, ter ocultado contas bancárias no exterior e ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras.
Ele
nega as acusações e afirma ser beneficiário de fundos geridos por
trustes (empresas jurídicas que administram recursos).
No
recurso, Cunha questiona diversos pontos do processo contra ele no
conselho.
Para
o peemedebista, os aspectos questionados devem levar à nulidade do
processo. Confira abaixo os principais itens apontados no recurso:
– Prazo
para defesa: recurso questiona não ter sido concedido prazo para a
defesa se manifestar antes da apresentação do parecer preliminar,
que foi votado para decidir se o processo deveria ter continuidade ou
não.
– Nulidade
da escolha do relator: documento aponta que indicação do relator
foi feita quando a sessão do Conselho de Ética já havia sido
encerrada.
– Nulidade
do aditamento à representação: recurso contesta aditamentos
feitos pelo PSOL à representação, anexando novas suspeitas contra
o presidente afastado da Câmara.
– Impedimento
do presidente do Conselho de Ética: documento questiona parcialidade
do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), a
quem a defesa atribui “inimizade capital” em relação a Cunha.
– Impedimento
do relator: para defesa, o relator Marcos Rogério, ao migrar do PDT
para o DEM, foi para um partido que integrou o bloco parlamentar
formado pelo PMDB no início da legislatura. Pelas regras da Casa, o
relator não pode ser nem do partido nem do bloco do representado.
– Vedação
ao duplo processo: defesa fala na possibilidade de serem tomadas
decisões contraditórias, devido ao fato de Cunha ser investigado na
Justiça pela mesma acusação atribuída a ele no Conselho de Ética.
– Nulidade
do requerimento de votação: recurso questiona o procedimento de
votação do parecer final, em que os deputados foram chamados um a
um no microfone para dar o seu voto. Para a defesa, a votação tinha
que ter ocorrido através do painel eletrônico.
– Negativa
de verificação: a defesa de Cunha questiona o fato de não ter sido
concedida verificação da votação de requerimento durante a
votação. O argumento outra vez é que a deveria ter havido votação
através do painel eletrônico.
– Ausência
de encaminhamento: o recurso também defende que não houve
encaminhamento de voto pelos líderes partidários durante análise
de requerimento na votação.
– Cerceamento
de auto-defesa: Cunha também que seja feita nova votação, desta
vez com Cunha presente para fazer sua autodefesa.
– Suspensão
do processo em razão da suspensão do mandato: a defesa também
afirma que a suspensão do exercício do mandato parlamentar de Cunha
deveria causar a imediata suspensão do processo no colegiado.
A
CCJ não poderá se manifestar sobre o mérito do que foi decidido no
conselho, mas apenas sobre o rito. Na prática, porém, se a comissão
entender que houve algum problema regimental, o processo terá que
ser reaberto no Conselho de Ética, o que exigirá mais tempo para um
desfecho do caso.
Processo
Após a leitura na sessão de quarta, a defesa poderá se manifestar pelo mesmo tempo que o relator usar para ler o seu parecer. Se preferir, porém, caso seja pedida vista, a defesa poderá optar por esperar a sessão seguinte para se pronunciar.
Após a leitura na sessão de quarta, a defesa poderá se manifestar pelo mesmo tempo que o relator usar para ler o seu parecer. Se preferir, porém, caso seja pedida vista, a defesa poderá optar por esperar a sessão seguinte para se pronunciar.
O
advogado Marcelo Nobre, que faz a defesa de Cunha no Conselho de
Ética, já confirmou sua presença. Pelas regras da CCJ, a defesa
pode ser feita pelo advogado ou pelo recorrente, no caso, Cunha. Não
há, porém, confirmação de que Cunha irá pessoalmente à sessão
da comissão.
Na
semana que vem, vencido o prazo de pedido de vista, terá início a
discussão sobre o relatório. Os deputados poderão se inscrever
para falar contra e a favor. Membros da CCJ terão 15 minutos e
não-membros, 10 minutos.
Também
haverá tempo para os líderes partidários se manifestarem - o tempo
varia de 3 a 10 minutos de acordo com o tamanho da bancada. Em
seguida, o relator poderá fazer uma réplica por 20 minutos e a
defesa poderá falar mais uma vez por 20 minutos. O passo seguinte é
a votação, que acontece por meio do painel eletrônico.
Plenário
Depois da fase de recurso, a decisão final sobre a cassação de Eduardo Cunha ficará a cargo do plenário da Câmara. Diante da possibilidade de a Câmara paralisar os trabalhos por conta do “recesso branco” neste mês, a definição sobre o caso pode ficar só para agosto.
Pela Constituição, deputados e senadores têm direito a férias do dia 18 ao dia 31 de julho, mas desde que tenha sido votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano seguinte, que traz uma previsão com as receitas e despesas.
Quando
isso não acontece, a praxe nos últimos anos tem sido não marcar
nenhuma votação no período, o que libera os parlamentares para as
férias extraoficiais, ou chamado “recesso branco”.
Matéria
na íntegra:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/07/relator-recomenda-que-seja-anulada-votacao-do-caso-cunha-no-conselho.html
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