Abelha "política" negocia com outras para obter vantagens
Abelha “política” negocia com outras para obter vantagens
As fêmeas dominantes das abelhas das orquídeas concedem às fêmeas subordinadas de sua espécie maiores incentivos reprodutivos de forma a que permaneçam no ninho
Abelhas:
de acordo com o pesquisador, a abelha das orquídeas poliniza cerca
de 30 famílias de plantas.
|
As
práticas de fazer concessões para aumentar a base de apoio e se
manter em um determinado posto ou abrir mão de benefícios imediatos
para obter vantagens futuras não são comuns apenas entre os
humanos.
As
práticas de fazer concessões para aumentar a base de apoio e se
manter em um determinado posto ou abrir mão de benefícios imediatos
para obter vantagens futuras não são comuns apenas entre os
humanos.
|
As
fêmeas dominantes das abelhas das orquídeas concedem às fêmeas
subordinadas de sua espécie, desde que não aparentadas – que
admitem entrar em suas colmeias – maiores incentivos reprodutivos
de forma a que permaneçam no ninho e auxiliem nas tarefas
domésticas.
Já
suas irmãs ou filhas, que vivem na mesma colônia, não têm
privilégios semelhantes.
Essas
abelhas subordinadas aparentadas, no entanto, aceitam esse tratamento
desigual porque, como estão na linha de sucessão para se tornar
dominantes, têm a esperança de herdar o ninho, uma vez que fundar
uma nova colônia sozinhas seria mais arriscado, revela o estudo
cujos resultados foram publicados na revista Scientific Reports, do
grupo Nature.
Constatamos
que as fêmeas dominantes dessa espécie, que monopolizam a
reprodução em uma colônia, dão maiores chances às fêmeas
subordinadas não aparentadas de reproduzirem do que às fêmeas
aparentadas, que ficam incumbidas de tarefas consideradas menos
nobres, como cuidar da prole e buscar alimento, disse Fábio Santos
do Nascimento, professor da FFCLRP-USP e coordenador do projeto, à
Agência FAPESP.
Como
as não aparentadas não têm o incentivo de estar na linha de
sucessão e de um dia herdar o ninho, elas necessitam de um incentivo
maior para continuar na colmeia. E esse incentivo é o acesso à
reprodução, explicou Nascimento.
Sociedades
multifêmeas
De
acordo com o pesquisador, a abelha das orquídeas poliniza cerca de
30 famílias de plantas – entre elas, 2 mil espécies de orquídeas
– e pode ser encontrada em áreas da Caatinga e do Cerrado
brasileiro.
As
fêmeas dessa espécie de abelha de coloração metálica, geralmente
em tons de verde e azul, costumam tanto fundar novos ninhos, formados
apenas por fêmeas, como se associar a algum já existente.
Os
ninhos são construídos com resina vegetal e localizados em
cavidades, como no interior de bambus.
As
sociedades multifêmeas das abelhas das orquídeas são geralmente
formadas por uma mãe e suas filhas – denominados ninhos
matrifiliais –, só por irmãs – os chamados ninhos fraternais –
ou de usurpadoras e fêmeas residentes.
E,
diferentemente de outras espécies de abelhas, todas as fêmeas dessa
espécie podem acasalar. Mas a postura de ovos é regulada pelo
comportamento e sinalização química da fêmea dominante sobre suas
subordinadas, explicou Nascimento.
A
colônia dessa espécie de abelha é pequena, composta geralmente por
uma fêmea dominante e, no máximo, quatro ou cinco fêmeas
subordinadas. É muito raro ter mais do que oito indivíduos em uma
mesma colônia que sempre têm essa relação de dominância e
subordinação, afirmou.
A
fim de estudar o comportamento reprodutivo nos ninhos de abelhas das
orquídeas com muitas fêmeas, a estudante Aline Candida Ribeiro
Andrade e Silva acompanhou durante três anos em seu doutorado,
realizado com Bolsa
da FAPESP e sob orientação de Nascimento, uma população dessa
espécie aninhada em Campo Formoso, na Bahia, a 400 quilômetros de
Salvador.
Para
isso, Silva transferiu 14 ninhos com multifêmeas dessa espécie para
caixas de observação, com tampa de vidro, que simulavam as
condições naturais dos ninhos.
Por
meio de câmeras de vídeo instaladas no interior das caixas de
observação, a pesquisadora monitorou diariamente a entrada e a
saída das abelhas e as interações comportamentais entre elas.
Ao
usar marcadores moleculares microssatélites – pequenas regiões do
DNA, que variam de um indivíduo para outro – ela obteve uma
assinatura genética (genótipo) de cada uma das fêmeas ao nascer.
A
análise do extrato do perfil químico cuticular único que cada
fêmea possui permitiu que Silva comparasse os componentes presentes
e diferenciasse as abelhas.
A
pesquisadora observou que as fêmeas dominantes conseguem reconhecer,
por meio de interações comportamentais e sinalização química, as
fêmeas aparentadas e as não aparentadas em seus ninhos.
Por
meio desses mecanismos, as fêmeas dominantes também conseguem
reconhecer se um determinado ovo foi posto por ela ou pelas
subordinadas e o remove seletivamente de acordo com seus interesses.
Ao
perceber que o ovo foi posto por uma subordinada aparentada, por
exemplo, o inseto come e o substitui por um seu (como no vídeo).
Observamos,
no entanto, que as interações de dominância reprodutiva das fêmeas
dominantes com as subordinadas não aparentadas, marcadas por
agressões e pela remoção e substituição de ovos, eram menos
violentas e frequentes em comparação com as fêmeas aparentadas,
comparou Nascimento.
Enquanto
permite que as não aparentadas possam pôr ovos apenas na medida
necessária para impedi-las de deixar o ninho e reproduzir de forma
independente, elas inibem que as aparentadas façam o mesmo,
relegando-as a tarefas menos nobres, como buscar alimentos e material
de construção dos ninhos – resina vegetal –, defender o ninho e
cuidar da prole, afirmou.
Incentivo
reprodutivo
Uma
das hipóteses dos pesquisadores para esse tratamento diferenciado
que as fêmeas dominantes dão às subordinadas não aparentadas em
comparação com as subordinadas é que o retorno genético entre as
fêmeas subordinadas aparentadas compensa uma menor participação
delas na produção direta de ovos, uma vez que têm a possibilidade
de tornar-se dominantes e reproduzir.
Já
as não aparentadas necessitam de incentivo reprodutivo maior para
permanecer no ninho e auxiliar a fêmea dominante, assegurando a
associação, apontou Nascimento.
As
fêmeas dominantes usam as interações comportamentais e as pistas
químicas para negociar a distribuição de tarefas no ninho e manter
a estabilidade do sistema com base em contratos sociais, avaliou
Nascimento.
Podemos
chamar essas abelhas de ‘políticas’ porque controlam e
capitalizam sobre a reprodução direta de suas subordinadas não
aparentadas e aparentados de acordo com seus interesses, afirmou
Nascimento.
O
artigo Reproductive concessions between related and unrelated members
promote eusociality in bees (doi: 10.1038/srep26635), de Andrade e
outros, pode ser lido na revista
Scientific Reports.
Matéria
na íntegra através do link:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/abelha-politica-negocia-com-outras-para-obter-vantagens/
COLABORADOR:
AGNALDO CURVELLO GALDINO
Técnico
em Informática: Formando do Colégio Estadual
Buarque de Nazareth, Itaperuna-RJ.
Formado
em CABEAMENTOS E REDES: Formado pelo CETEP-Itaperuna-RJ
Formado
em Montagem e Manutenção em micros: Formado
pelo CETEP-Itaperuna-RJ
Comentários
Postar um comentário
È necessário evitarmos frases que contenham palavras de baixo calão,ofensas,xingamentos,racismo e/ou qualquer insinuação de apologia a drogas ou crimes.