Entre voos interestelares e espadas de laser
Entre voos interestelares e espadas de laser
O sabre de luz é o objeto mais legal da saga Star Wars. Mas, pelas leis da física, poderemos um dia construí-lo? E o que dizer de naves interestelares?
Estevan
Silveira e Índio San
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Reconhecidamente,
a área da ciência menos respeitada na saga de Star
Wars é
a física. O exemplo mais gritante – e ao mesmo tempo perdoável –
é o barulho que todas as naves fazem ao viajar pelo espaço. Como
sabemos, não há ondas sonoras se não houver um meio para
propagá-las – exatamente o caso do vácuo espacial. Mas até mesmo
o mais crica dos físicos é capaz de entender que se trata de uma
licença criativa para tornar as cenas de batalha espacial mais
emocionantes.
O
que dizer, contudo, da possibilidade de atravessar as vastas
distâncias interestelares através do “hiperespaço”? Faz algum
sentido ou é só um truque?
Dimensões extra
Einstein
é bem chato nessas horas. Ele diz que não há como viajar pelo
espaço a uma velocidade superior à da luz. Conforme você vai
acelerando, a relatividade diz que a sua massa vai crescendo. Ao
atingir a velocidade da luz, a massa se torna infinita (!) e a
energia necessária para acelerar mais, idem. Portanto, não tem
como.
Claro,
a ficção científica não seria a mesma sem viagens interestelares
ultrarrápidas. E a solução proposta em Star
Wars é
a possibilidade de a nave pegar um atalho, atravessando milhares de
anos-luz em pouco tempo avançando por uma outra dimensão, chamada
genericamente de “hiperespaço”.
Por
incrível que pareça, essa história de outras dimensões não é
papo de maluco. Embora não percebamos mais que três delas, alguns
físicos hoje em dia trabalham com a ideia de que talvez existam
outras, imperceptíveis por estarem tão comprimidas que nem chegamos
a notá-las (do mesmo jeito que, visto de longe, um canudo pode
parecer ter apenas uma dimensão).
Até
aí, beleza. Mas dimensões megacomprimidas não equivalem ao
hiperespaço de Star
Wars.
É possível que exista alguma dimensão “esticada” que sirva de
atalho para diferentes partes do Universo? Poder, até pode. Mas não
temos nenhuma evidência de que isso exista. Até onde sabemos, o
método de viagem interestelar usado na saga é simplesmente
impossível.
O poder da luz
Espadas
laser parecem ser igualmente complicadas. Sejam elas feitas de plasma
(basicamente gás superaquecido) ou de partículas de luz, não é
trivial produzir algo similar ao que se vê nos filmes.
Entretanto,
talvez ainda exista uma luz no fim do túnel. Em 2013, pesquisadores
da Universidade Harvard produziram uma coisa para lá de esquisita:
moléculas feitas de fótons, as partículas de que a luz é
composta.
“A
maioria das propriedades da luz vem do fato de que os fótons não
têm massa e não interagem uns com os outros”, diz Mikhail Lukin,
um dos líderes do grupo. “O que fizemos foi criar um meio em que
fótons se unem para formar moléculas.”
Pode
ser o caminho para produzir espadas de laser? “Não é uma analogia
absurda comparar isso a sabres de luz. Quando esses fótons interagem
uns com os outros, estão empurrando e defletindo uns aos outros. A
física do que está acontecendo nessas moléculas é similar ao que
vemos nos filmes”, completa Lukin.
Esses
experimentos, contudo, estão muito mais perto de gerar coisas como
computadores quânticos, capazes de usar partículas para realizar
processamento, do que produzir qualquer outra coisa. Por ora, os
sabres de luz continuam existindo só no reino da fantasia.
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