Cientistas trazem memórias esquecidas de volta
Cientistas trazem de volta memórias esquecidas
Kate
Winslet e Jim Carrey no filme "Brilho Eterno de uma Mente Sem
Lembranças", de Michel Gondry
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Sabe
aquele número de pizzaria que você memorizou e que, logo após
discar o último algarismo, foi imediatamente esquecido? Cientistas
conseguiram desvendar um pouco de como funciona o descarte de
memórias e até "ressuscitá-las".
O
conceito de memória é definido como a capacidade de obter,
armazenar e recuperar informações no cérebro. Existem dois tipos
principais, a memória de curto prazo –que dura alguns segundos ou
minutos– e a de longo prazo– que faz a pessoa lembrar de algo
vários dias, meses ou anos depois.
A
memória de curto prazo também costuma ser chamada de "memória
de trabalho", pois é aquela usada praticamente todo o tempo.
Os
cientistas achavam que mesmo para guardar um número de telefone ou
lembrar o nome de uma pessoa recém-apresentada por poucos instantes
seria preciso que as células nervosas do cérebro (os neurônios)
vinculadas a essa memória deveriam estar constantemente ativas.
No
caso de a pessoa achar o número de telefone e/ou o nome do novo
conhecido importantes, esses dados são armazenados a longo prazo
pela memória de longa duração.
Um
novo estudo da equipe de Nathan Rosen, das universidade de Wisconsin
e Notre Dame, EUA, demonstrou agora que os neurônios conectados a
esse tipo de memória não precisam estar tão "ligadões"
assim. Essas zonas ativas de contato entre uma terminação nervosa e
outros neurônios são conhecidas como "sinapses".
Os
neurônios podem ficar em estado latente, mostrando que a atividade
cerebral ligada a essa memória só precisa reaparecer quando a
pessoa que tenta lembrá-la conscientemente focaliza sua atenção
nela. Ou seja, a memória que tinha sido deixada de lado –como o
número de telefone antes considerado não importante– passa a ser
"reativada".
EVIDÊNCIAS
"A
capacidade de armazenar informações na memória de trabalho é
fundamental para a cognição. Ao contrário da antiga visão de que
a memória de trabalho depende de uma atividade elevada e sustentada,
apresentamos evidências que sugerem que os seres humanos podem
armazenar informações na memória de trabalho através de
mecanismos sinápticos 'silenciosos em atividade'", escreveram
Rose e colegas em artigo na última edição da revista "Science".
Eles
usaram um modelo matemático para analisar padrões de atividade
cerebral. Os testes envolveram observar rapidamente imagens, palavras
ou movimentos, e prestar atenção em dicas capazes de
identificá-los, enquanto o cérebro era escaneado por ressonância
magnética.
A
reativação foi ajudada por estimulação com uma técnica magnética
não invasiva, que usa rápidos campos magnéticos para enviar um
impulso elétrico ao cérebro. Se o impulso for na área do cérebro
inicialmente ativa, a resposta de reativação é mais intensa.
"Nossos
resultados fornecem evidência empírica para a existência de um
mecanismo de plasticidade [maleabilidade] de curto prazo que
provavelmente é fundamental para uma ampla gama de funções
cognitivas, envolvendo a focalização da atenção e que pode
fornecer os peças para a construção de mecanismos de
potencialização de longo prazo que apoiam as memórias desse tipo",
escreveram os autores.
"Nossos
resultados introduzem uma via potencial para reativar e fortalecer
representações que estão subjacentes a muitas classes de cognição
de alto nível",concluem.
O
estudo não explica o mecanismo pelo qual as sinapses ou outras
características neurais podem conter este segundo nível de memória
de trabalho, ou quanta informação poderia ser armazenada.
"É
um primitivo passo inicial na compreensão de como levamos as coisas
à mente", diz o neurocientista cognitivo Bradley Postle, da
Universidade de Wisconsin, coautor do estudo.
Em
termos práticos, os resultados de estudos na área poderão ajudar
pessoas com problemas de memória como amnésia, epilepsia e
esquizofrenia.
Matéria
na íntegra através do link:
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2016/12/1837469-cientistas-trazem-de-volta-memorias-esquecidas.shtml
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